Maior exportadora de carne de frango do mundo, a BRF vem engordando suas operações no exterior com o objetivo declarado de mudar seu status de exportadora para multinacional.
Com 47% do faturamento oriundo de fora do Brasil em 2015, a companhia trabalha há dois anos para aumentar essa fatia. No prazo de três a cinco anos, a BRF espera que a produção no exterior cresça dos atuais 6% para o patamar de 20%. O principal objetivo dessa meta é deixar a companhia mais próxima de seus mercados, para vencer o que considera o seu grande desafio: adequar-se aos gostos locais.
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Com esse pensamento, a companhia tem procriado unidades no exterior. Já são 18 fábricas fora do Brasil — cinco na Ásia (todas na Tailândia). Além das plantas próprias, o grupo tem joint ventures com terceiros em Cingapura, China e Hong Kong, para processamento de produtos exportados pelo Brasil. Recentemente, o grupo desembarcou na Malásia com o intuito de desenvolver uma plataforma de produção no país asiático.
“O primeiro passo, na nossa estratégia, foi fortalecer o protagonismo e a autonomia dos negócios locais. Hoje, a BRF opera em seis regiões — África, Ásia, Brasil, Europa, Latam e Oriente Médio. Como possuem peculiaridades distintas, as regiões contam com times exclusivos e integralmente dedicados a entender a realidade e os desejos
dos consumidores”, aponta Pedro Faria, CEO global da BRF. “Uma vez imersos na cultura local, os times conseguem estabelecer prioridades comerciais, adequando-as sempre que preciso. Dessa forma, nos aproximamos do consumidor e garantimos a expansão de um portfólio que atenda ao paladar local.”
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Um exemplo desse movimento, aponta Faria, é a fábrica do grupo em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Lá, a
empresa produz salsichas, pizzas, empanados e marinados. Toda a proteína utilizada na produção desses alimentos parte do Brasil. Já os temperos, são obtidos com fornecedores locais. A fórmula deu tão certo que recentemente a BRF anunciou a ampliação da produção local de 72 mil toneladas para 100 mil toneladas até o fi m deste ano.
“O alimento tem o poder de conectar as pessoas, porém, nem sempre o tempero que agrada ao inglês satisfaz o angolano, bem como o corte de frango mais apreciado pelo chinês não é o mesmo do brasileiro”, lembra o CEO global do grupo. “Existem muitos exemplos e uma verdade: o respeito pela cultura. Uma empresa de alimentos verdadeiramente global, que opera e produz localmente, deve estar atenta a esse fato.”