A distribuidora de energia elétrica Light, que atende a região metropolitana do Rio de Janeiro, tem apresentado números cada vez piores, o que aumenta os riscos de a empresa não conseguir cumprir seus planos de investimento e obrigações financeiras, afirma um relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) visto pela Reuters.
Controlada pela mineira Cemig, a Light também possui ativos em geração, mas tem enfrentado dificuldades financeiras crescentes, com elevado endividamento e um custo da dívida em alta, principalmente devido ao baixo desempenho de seu negócio de distribuição de eletricidade.
A empresa não consegue receber por cerca de 42 por cento da energia entregue a clientes de baixa tensão devido a perdas não-técnicas –geralmente causadas por “gatos” (furtos) na rede, principalmente em regiões das favelas fluminenses, nas quais muitas vezes os técnicos da companhia mal chegam a entrar, temendo represálias.
A situação é ainda mais difícil de ser administrada em um momento em que o Estado do Rio de Janeiro enfrenta uma severa crise fiscal que levou o governador Luiz Fernando Pezão a anunciar um pacote de medidas para elevar a receita que inclui aumento de impostos e o fim de programas sociais.
A dívida bruta da Light atingiu no final de setembro 6,8 bilhões de reais, alta de 0,4 por cento ante o fechamento do trimestre anterior.
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A relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (Ebitda) da companhia fechou o último trimestre em 3,85 vezes, ante um compromisso da companhia com seus credores de manter o indicador em até 4 vezes no período. No trimestre encerrado em dezembro, os compromissos financeiros da elétrica são de manter o índice em até 3,75 vezes.
“Verifica-se que a empresa não está sendo capaz de corrigir a rota de piora de seus indicadores de sustentabilidade… que já se encontram acima do limite máximo recomendado”, afirma a fiscalização da Aneel.
“Em outras palavras, a geração operacional bruta de caixa tem se tornado cada vez mais insuficiente para honrar todas as obrigações e investimentos, aumentando o risco de descumprimento de compromissos financeiros”, conclui o relatório, com data de 18 de novembro.
Desde 2015, a Aneel tem cobrado das distribuidoras a apresentação de planos de resultados para melhorias dos serviços e acompanhado a execução de investimentos e os índices financeiros das empresas.
A medida foi tomada após a agência, em meados de 2012, ter decretado uma intervenção administrativa em oito distribuidoras do Grupo Rede que não cumpriam requisitos mínimos de qualidade no fornecimento.
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Procurada, a Light afirmou que não iria comentar o conteúdo do documento da Aneel.
Em meio a dificuldades de sua controlada, a Cemig anunciou nesta terça-feira um aumento de capital de cerca de 450 milhões de reais na Light, o que elevará sua participação na companhia para 41,92 por cento, ante 32,4 por cento anteriormente.
A Cemig não detalhou os motivos do aumento de capital.