Corria o ano de 1993, véspera do Dia das Crianças. Ao redor das instalações abandonadas e lacradas da Trol, dezenas de meninos de Heliópolis, a maior favela de São Paulo, despistavam policiais e roubavam brinquedos ainda armazenados ali após a falência da empresa. A história saiu em todos os jornais, simbolizando o fim da companhia que pertencera a Dilson Funaro, mítico empresário e político brasileiro.
A Trol não fazia apenas brinquedos. Sua especialidade era tudo que se relacionasse a plástico, e durante décadas saíram de suas linhas de produção caixas, bacias, utensílios de cozinha e peças para automóveis — todos de plástico. Mas os brinquedos sustentavam a empresa. Entre os principais que produzia, estavam os itens da linha Playmobil, da Turma da Mônica e a boneca Pierina, além de um velocípede apropriadamente conhecido como Velotrol.
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Funaro, nascido em uma família paulistana rica e tradicional, ainda jovem criou a Cibrape, uma indústria de plásticos. Logo adquiriu outra companhia, a Monitora, e posteriormente a Trol, uma grande fábrica de produtos plásticos para a indústria, uso doméstico e brinquedos. Transformou-a numa potência do setor, menor apenas que a concorrente Estrela.
Após a redemocratização do país, aceitou o convite do então presidente José Sarney para presidir o BNDES e, depois, assumir o Ministério
da Fazenda. Deste posto lançou o Plano Cruzado, que durante alguns meses conseguiu refrear a inflação no país, e tornou-o herói aos olhos da população. Mas o posterior fracasso do plano levou-o a pedir demissão do cargo em 1987.
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Dois anos depois, em 1989, um câncer linfático tirou-lhe a vida. Em pouco tempo a Trol, afundada em dívidas e carente de seu comando, quebrou. A memória de Funaro é, ainda hoje, guardada com carinho por parte dos brasileiros — caso raro de empresário que passou à história com mais força do que sua própria empresa.