A Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou ontem (17) a venda da Liquigás para a Ultragaz, subsidiária da Ultrapar, em negócio de R$ 2,8 bilhões que depende de aval de autoridades antitrustre por elevar fortemente a concentração no mercado de gás de cozinha do país.
A aprovação da venda da Liquigás, que confirma relatos de ontem de fontes com conhecimento da transação, integra o programa de desinvestimentos da Petrobras, que prevê arrecadar US$ 15,1 bilhões em 2015 e 2016, como forma de a estatal reduzir seu enorme endividamento.
Com a venda da Liquigás, a Petrobras atingiu desde o início de 2015 um total de US$ 11 bilhões em desinvestimentos, mas o montante da transação com a Ultrapar só deve entrar no caixa da estatal no fim de 2017, uma vez que o negócio terá que passar por avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse a gerente-executiva de aquisições e desinvestimento da Petrobras, Anelise Quintão Lara.
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“Vai ter um período de transição entre a assinatura de contrato e o closing de alguns meses, porque vai passar pelo Cade e imaginamos que o closing vai acontecer no fim de 2017”, afirmou a jornalistas, ressaltando que a empresa está confiante de realizar negócios até o fim do ano que atinjam a meta.
Ela disse que a venda da Liquigás ficou dentro da faixa de valor estimada pela Petrobras. A gerente afirmou ainda que eventuais operações decorrentes de concentrações de mercado serão de responsabilidade do grupo comprador da Liquigás.
A empresa, subsidiária integral da Petrobras, atua no engarrafamento, distribuição e venda de gás liquefeito de petróleo (GLP). A empresa opera em quase todos os Estados do país e conta com 23 centros operativos, 19 depósitos e uma rede de cerca de 4.800 revendedores autorizados, segundo a Petrobras.
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Já a Ultragaz, primeira distribuidora de GLP do Brasil, fundada em 1937, atende aproximadamente 11 milhões de domicílios no segmento envasado e 50 mil clientes no segmento granel.
Em meio a preocupações sobre aumento da concentração de mercado, a Ultrapar afirmou que os consumidores serão beneficiados pelo negócio.
“A transação permitirá que a estratégia de diferenciação e a excelência operacional da Ultragaz combinados com ativos e a qualidade da rede de revendas da Liquigás criem importantes ganhos de eficiência… gerando benefícios a consumidores, revendedores, clientes e a toda a sociedade”, afirmou.
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CONCENTRAÇÃO
Analistas do BTG e do Brasil Plural, no entanto, avaliam que o acordo pode sofrer entraves no Cade.
“A aquisição elevaria a fatia de mercado da Ultrapar para 46 por cento”, disse o Brasil Plural, em nota a clientes.
A Ultrapar superou dezenas de concorrentes, como a Supergasbrás, subsidiária brasileira da holandesa SHV Holdings, e a turca Argaz.
A Petrobras afirmou que o valor total da venda será corrigido pelo CDI, entre a assinatura e fechamento da operação e estará sujeito a ajustes em razão das variações de capital de giro e da posição da dívida líquida da Liquigás e no fim de 2015 e a data de fechamento da transação.
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A dívida bruta da Liquigás em 31 de dezembro de 2015 era de 145 milhões de reais, segundo a nota da Ultrapar.
Segundo a Ultrapar, o seu conselho aprovou também contratar carta de crédito junto ao Bradesco BBI e ao Bradesco em valor equivalente ao preço a ser pago à Petrobras.
Analistas do BTG Pactual disseram mais cedo que a Petrobras está fazendo a venda “em um múltiplo muito bom, maior do que 10 vezes o Ebitda” da unidade, referindo-se ao indicador de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
(Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier)