A Nike começou, nesta semana, a vender seu novo tênis que amarra o cadarço sozinho. Esse arriscado investimento da companhia busca vender mais produtos diretamente para seus consumidores.
O novo objetivo da marca é dobrar suas vendas diretas para US$ 16 bilhões em 2020. Agora, a empresa pretende investir alto no on-line e depender menos de varejistas, depois de ter perdido espaço para Adidas e Under Armour.
É aí que entra a participação do novo tênis HyperAdapt de US$ 720, que “amarra sozinho”. A companhia está oferecendo um lançamento exclusivamente no seu aplicativo, relançado recentemente, o Nike+, e em uma nova loja em Nova York desde a última quinta-feira (1). A ideia é atrair os consumidores para comprar o tênis de edição limitada pelo aplicativo ou nas lojas da Nike.
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Essa estratégia pode prejudicar grandes varejistas de artigos esportivos. Atualmente, a Nike é a maior vendedora para grandes lojas como a Dick’s Sporting Goods, Foot Locker e Finish Line, responsáveis por 20%, 72% e 73% da mercadoria comprada, respectivamente, de acordo com documentos regulamentares.
“Eles precisam se preocupar com isso”, afirma John Kerman, analista sênior de varejo da corretora Cowen & Co. Em entrevista para o Wall Street Journal ele pontuou os esforços recentes da Dick’s para criar alguns produtos próprios e dar mais espaço para a Under Armour e a Adidas.
Kasper Rorsted, novo chefe executivo da Adidas, afirmou que não sabe se o tênis que amarra sozinho “é o produto que vai salvar o mundo”, mas as vendas através de aplicativos e dispositivos móveis é algo que tende a crescer muito dentro da indústria.
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O CEO da Foot Locker, Dick Johnson, ao ser perguntado sobre sua opinião em relação ao lançamento, afirmou na conferência sobre os ganhos de novembro que a Nike “tem poucos colegas no mercado”, e tem grande potencial para lançar seus produtos por meio dos seus próprios canais de varejo.
O lançamento do HyperAdapt surge depois de décadas de mudanças na Nike para expandir sua tecnologia e seus serviços aos consumidores.
Roberto Tagliabue, ex-diretor de inovação digital da empresa, entre 2005 e 2009, supervisionou os produtos do primeiro lançamento no Nike+, um sensor colocado nos tênis de corrida que eram sincronizados com os primeiros iPods. A ideia era manter os consumidores se comunicando com a Nike mesmo depois que eles deixassem a loja.
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O avanço tecnológico da Nike também teve muitos contratempos. O sensor original do Nike+ evoluiu para uma série de pulseira, incluindo a FUelBand, que foi lançada em 2012. Mas em 2014 ela não teve continuidade depois que a companhia decidiu abandonar completamente o desenvolvimento de hardwares para desenvolver softwares e aplicativos.
A Nike começou a atualizar aplicativos de treinos por conta própria, como o Nike+Run e o Nike+ Training Club, que incluem dicas de profissionais do esporte como Serena Williams e Ashton Eaton. A companhia retornou ao mercado de aplicativos em 2016 com sua versão à prova d’água do Apple Watch.
O time digital da Nike gastou aproximadamente US$ 100 milhões em produtos de software, incluindo o novo aplicativo Nike+, nos últimos quatro anos, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. O departamento também foi atingido por volume de negócios, com alguns membros do departamento da Under Armour, Alphabet, do Google, entre outros, afirmou a fonte.