O presidente eleito republicano Donald Trump participa de investimentos com a família democrata mais conhecida dos Estados Unidos, os Kennedys, em propriedades de Nova York e San Francisco.
Esse acontecimento não foi intencional. Os descendentes de Joseph Kennedy acabaram como um dos proprietários da 1290 Avenue of the Americas, em Nova York, e da 55 California Street em San Francisco, como resultado de um grande investimento imobiliário na Vornado Realty Trust. A imobiliária é dona de 70% dos prédios, e Donald Trump tem os outros 30%.
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“O fato de que os Kennedys investem em uma companhia de capital aberto que tem relações com Donald Trump é uma das coisas mais estranhas sobre a transição de Trump?”, afirmou Christopher Kennedy, filho de Robert Kennedy. “Não, essa não é a coisa mais estranha. Essa não é a coisa mais perturbadora. Essa não é a coisa mais preocupante”.
A fortuna da família Kennedy em 2014 era de aproximadamente US$ 1 bilhão de acordo com FORBES, antes da Grande Depressão. Joseph Kennedy, pai do ex-presidente John Kennedy, ganhou muito dinheiro no mercado de ações e foi presidente da Securities and Exchange Commission (Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos, responsável pela aplicação das leis de títulos federais e a regulação do setor de valores mobiliários, as ações da nação e opções de câmbio, e outros mercados de valores eletrônicos do país). Depois de servir como embaixador na Grã-Bretanha, ele comprou um prédio comercial em Chicago, o Merchandise Mart, em 1945 por US$ 13 milhões.
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Joe morreu em 1969, mas sua família manteve a propriedade. Em 1998, os Kennedys venderam o Merchandise Mart e outras construções para a Vornado por US$ 303 milhões.
A família arrecadou US$ 187 milhões, mas manteve-se com US$ 116 milhões em ações na Vornado, equivalente a aproximadamente 4% da empresa na época. Christopher Kennedy permaneceu envolvido na Vornado por mais de uma década, e nesse período a empresa construiu outros empreendimentos e prédios.
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Em 2006, Donald Trump e um grupo de investidores chineses venderam uma propriedade no Upper West Side de Manhattan por US$ 1,76 bilhão e depois investiram nos dois prédios de Nova York e San Francisco. O republicano era dono de 30% de cada empreendimento, e seus parceiros asiáticos detinham 70% de posse sobre o local. No ano seguinte, Trump manteve suas porcentagens, mas os outros investidores venderam suas ações por US$ 1,81 bilhão para a Vornado Realty, em que família Kennedy se mantém como um dos principais investidores. No final das negociações, Trump acabou com uma parcela dos edifícios em que os Kennedys também eram proprietários.
Christopher Kennedy era um executivo da Vornado na época, mas ele não teve uma participação ativa nas negociações com Trump. A Vornado controla as propriedades atualmente, e não o republicano. “É importante saber quem é o operador”, afirma Christopher.
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Christopher Kennedy não tem participação na companhia desde 2011, mas sua família ainda tem uma atuação significativa entre os acionistas. Muitos dos herdeiros Kennedy foram obrigados a revelar suas ações individuais através dos anos, devido às exigências de divulgação para o governo. Depois do presidente Barack Obama apontar a filha de John Kennedy, Caroline, como embaixadora do Japão, ela foi obrigada a mostrar suas ações no valor de US$ 1 milhão na Vornado. Sua prima, Maria Shriver, também foi obrigada a revelar suas participações em empresas quando Arnold Schwarzenegger, com quem era casada, se tornou governador da Califórnia. Revelações públicas afirmam que as suas ações na Vornado valiam mais de US$ 100.000. O irmão de Maria, Robert Shriver, também participou do conselho da cidade de Santa Monica, e um formulário divulgado em 2010 mostra que ele tem mais de US$ 100.000 em ações na Vornado. Christopher Kennedy confirmou que ele tem ações na empresa imobiliária.
A pessoa que mais recebe os impactos de todas essas ações não é Trump, mas é o CEO da Vornado, o bilionário Steven Roth. Três meses antes do republicano ser eleito, Trump nomeou Roth como seu conselheiro consultivo econômico.
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“Há um raio de esperança na presidência de Trump”, afirma Christopher Kennedy, acrescentando que as medidas políticas recentes não mudaram a maneira como a sua família pensa sobre investimentos. “Nós investimos nos julgamentos, na visão e na sabedoria de Steven Roth, e devemos fazer isso novamente”.