O Bradesco teve queda no lucro no quarto trimestre, afetado por menores receitas com juros e por um ajuste contábil, parcialmente compensado por pagamento menor de impostos.
O segundo maior banco privado do país informou nesta quinta-feira (02/01) que seu lucro líquido do trimestre somou R$ 3,592 bilhões, queda de 17,5% na comparação com o mesmo período de 2015, mas aumento de 11% sobre o trimestre anterior. Na métrica ajustada, o lucro somou R$ 4,385 bilhões, recuo de 3,9% sobre um ano antes e de 1,7% na base sequencial.
As comparações anuais podem não permitir uma avaliação precisa do desempenho do grupo, dada a incorporação do HSBC pelo Bradesco no começo do segundo semestre de 2016.
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A carteira de crédito do Bradesco, por exemplo, fechou o ano em R$ 514,99 bilhões, alta de 8,6% em 12 meses. Mas na medição sequencial, já usando uma base comparável, a carteira recuou 1,3%, em linha com o mercado. O movimento foi puxado sobretudo pelo segmento pequenas e médias empresas, que teve retração de 7,3%.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do Bradesco foi de 5,5% no período, ante 5,4% no trimestre anterior e 4,1% no fim de 2015. Foi a sétima alta seguida, segundo o banco refletindo a retração da carteira de crédito e a piora da recessão no país.
A provisão para perdas esperadas com calotes deu um salto de 31,8% na medição com o último quarto de 2015, a R$ 5,525 bilhões, valor que, no entanto, representou recuo de 3,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
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Segundo o Bradesco, a melhora sequencial refletiu valores maiores de recuperação de crédito.
A margem financeira caiu 7,5% do terceiro para o quarto trimestre, a R$ 15,7 bilhões. Segundo o banco, a queda foi impactada pelo efeito das perdas por ajuste do valor contábil de ativos financeiros, de R$ 1,264 bilhão.
Em contrapartida, o banco pagou R$ 1,16 bilhão em impostos de outubro a dezembro, queda de 47% ano a ano.
O Bradesco também teve um aumento anual de 14,4% das receitas com serviços e tarifas, a R$ 7,55 bilhões, número praticamente estável sobre o trimestre anterior.
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O lucro do braço de seguros no período somou R$ 1,5 bilhão, estável na base sequencial e aumento de 7,1% sobre um ano antes. As provisões técnicas deram um salto de 25,6% na comparação anual, a R$ 223,3 milhões.
As despesas administrativas do Bradesco com pessoal de outubro a dezembro cresceram 2,1% na medição sequencial e 24,6% cento na anual, para R$ 10,48 bilhões, também refletindo a aquisição das operações do HSBC.
PREVISÕES
Após ter tido despesas de provisões para calotes de R$ 21,7 bilhões no ano passado, o Bradesco previu que em 2017 o montante para este fim será entre R$ 21 bilhões e R$ 24 bilhões.
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O banco também tem a expectativa de um ano fraco para crédito, período para o qual previu expansão de 1% a 5%. Além disso, diante do ciclo de queda da Selic, a estimativa para margem financeira com juros pró-forma foi fixada no intervalo de queda de 4% a 0%.
Por outro lado, a instituição previu para suas despesas operacionais em 2017 um intervalo que vai de queda de 1% até alta de 3%, também na base pró-forma.
Por Aluísio Alves