O diretor-presidente da mineradora Vale, Murilo Ferreira, não renovará o seu contrato atual que termina em 26 de maio deste ano, informou a empresa hoje (24), após a companhia ter anunciado no início da semana um acordo histórico de seus principais acionistas para pulverizar o controle e ampliar a governança.
A Vale, maior produtora global de minério de ferro, não aponta na nota ao mercado quem poderá ser o substituto do executivo. As ações preferenciais da empresa operavam em baixa de cerca de 2%, às 10h37.
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Ferreira, nomeado para o cargo em maio de 2011, liderou a Vale durante um período de turbulência na indústria da mineração mundial e enfrentou alguns dos momentos mais difíceis da história da empresa, que tinha pesados investimentos em um período de preços mais baixos do minério de ferro.
Com as cotações da sua principal commodity em recuperação, a Vale avalia que terá um 2017 mais favorável, após ter anunciado um quarto lucro trimestral seguido e de ter pago remuneração aos acionistas de mais de R$ 4,5 bilhões.
Com mais de 30 anos de experiência no setor de mineração, Ferreira “deixa um legado para todas as futuras gerações de executivos e funcionários da Vale”, afirmou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luciano Siani, no comunicado ao mercado.
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Na gestão de Ferreira, a Vale concluiu o empreendimento de minério de ferro S11D, o maior projeto da história da companhia, e voltou o foco para ativos essenciais, realizando desinvestimentos que totalizaram mais de US$ 15 bilhões, simplificando seu portfólio.
Ele também enfrentou a crise gerada pelo rompimento da barragem da Samarco, joint venture da Vale com a BHP Billiton, que deixou 19 mortos em Mariana (MG), centenas de desabrigados e poluiu o importante rio Doce, em novembro de 2015.
Segundo fontes, a companhia intensificou a busca por um novo CEO
A mineradora Vale intensificou sua busca por um presidente-executivo com a saída do atual CEO, Murilo Ferreira, sinalizando os esforços de alguns dos principais acionistas para proteger a maior produtora de minério de ferro do mundo da influência de políticos, disseram nesta sexta-feira três pessoas com conhecimento direto da situação.
A Vale não informou no comunicado ao mercado quem poderá ser o substituto do executivo.
Alguns integrantes do bloco de controle da Vale se inclinam a escolher um dos principais executivos atuais da Vale e assim facilitar a transição para uma empresa com controle pulverizado, conforme acordo anunciado no início da semana.
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Segundo as fontes, nomes atualmente fora da empresa estão sendo avaliados, citando que experiência anterior na Vale seria uma pré-condição.
Entre os candidatos potenciais estão o atual diretor financeiro da Vale, Luciano Siani; o diretor de ferrosos, Peter Poppinga; e Clovis Torres, braço direito de Ferreira e atualmente vice-presidente de recursos humanos.
Nelson Silva, um ex-executivo da Vale que agora é diretor de estratégia da Petrobras, está na lista, disseram as fontes. Outros candidatos incluem os ex-executivos da Vale José Carlos Martins e Tito Martins, acrescentou uma das fontes.
(Por Roberto Samora, Guillermo Parra-Bernal e Tatiana Bautzer)