Investidores ocidentais têm reconhecido nos últimos dois anos a urgência de estratégias de investimentos transparentes na África, em contraposição aos tradicionais apoios a órgãos do governo, pessoas e entidades politicamente expostas. Mas foi a China quem primeiro surfou nesse novo enfoque (“façam o bem fazendo o que é certo”).
Em dezembro de 2015, o presidente Xi Jinping inaugurou uma nova era de acordos “ganha-ganha” entre a China e a África, comprometendo-se a investir US$ 60 bilhões em projetos de grande porte ligados ao desenvolvimento da capacidade econômica local.
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É um nível de comprometimento que contrasta com a falta de iniciativa do Ocidente. Bancos e instituições ocidentais ligados a modelos africanos arcaicos e ineficazes de investimentos correm o risco de perder o retorno de dois dígitos que os aportes bem-sucedidos na região proporcionam. A agitação política e a lenta adoção de modelos de negócios sustentáveis na Europa e nos Estados Unidos estão abrindo caminho para que a Ásia e a África cooperem entre si, se desenvolvam e prosperem.
Até 2050, 25% da população mundial de 9 bilhões de pessoas será composta de africanos, e a maioria deles terá menos de 30 anos
Até 2050, 25% da população mundial de 9 bilhões de pessoas será composta de africanos, e a maioria deles terá menos de 30 anos. Para desobstruir o caminho até a prosperidade que esse vantajoso capital humano pode conduzir, devem ser colocadas em prática estratégias de financiamento baseadas na extração agressiva de resultados de curto prazo e em matérias-primas para aqueles focados na sustentabilidade.
Os compromissos assumidos pelo presidente chinês em 2015 seguem esse modelo, abrangendo áreas que deveriam promover o crescimento econômico sustentável: industrialização, modernização da agricultura, infraestrutura, serviços financeiros, desenvolvimento verde, facilitação do investimento e do comércio, redução da pobreza, bem-estar público, saúde pública, intercâmbio entre as pessoas e paz e segurança.
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Essa mudança na abordagem dos investimentos parece já estar funcionando e pode ser observada no fato de o equilíbrio da influência na África estar favorecendo, cada vez mais, o capitalismo estatal chinês.
Dados da organização Afrobarometer apontam que 63% das 56 mil pessoas entrevistadas em 36 países africanos classificaram a influência da China em seus países como positiva.
Em setembro de 2016, as empresas chinesas já haviam investido mais de US$ 14 bilhões na África. Segundo dados da fDi Intelligence, os recursos aplicados pela China no continente cresceram 515% entre julho de 2015 e julho de 2016. À medida em que as nações africanas e as promissoras empresas dos setores privados buscarem crescimento exponencial e sustentável, a agilidade dos chineses será ainda mais atraente.
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A África precisa de contribuições e parcerias com uma extensa gama de países e investidores. Isso significa capital, tecnologia e tempo bem gastos com um continente que claramente vai render bilhões – ou mesmo trilhões – de dólares em retorno para investidores sustentáveis de longo prazo.