A cidade de Lagos, no sudoeste da Nigéria, pode ser comparada a Los Angeles. Por lá, há uma concentração dos ricos e famosos, condomínios fechados e até uma indústria cinematográfica – a Nollywood.
Quando os nigerianos buscam artigos de luxo, eles se direcionam ao Polo Luxury, empresa que opera na região oeste da África, com vários pontos de venda. A loja, fundada em 1991, é a única autorizada a comercializar marcas como Rolex, Hublot, Cartier, Gucci e Dolce & Gabbana.
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Apesar do atual cenário econômico da Nigéria – muito influenciado pela queda nas cotações do petróleo – e da previsão de que o país vai crescer apenas 1,3% neste ano, o potencial de compras de artigos de luxo permaneceu praticamente inalterado.
Jennifer Obayuwana, filha do fundador, e atualmente diretora executiva da companhia, conta: “Meu pai foi o primeiro a trazer o luxo para a Nigéria, há 30 anos. Ele tinha uma loja incrível, que vendia relógios Fendi e Patek Philippe. Os relógios ainda são o nosso maior e mais lucrativo segmento”.
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Dentro da companhia Polo Luxury, o braço Polo Limited, especializado em relógios de luxo, canetas e artigos de couro para o público masculino, é o mais rentável. Em 2014, por iniciativa de Jennifer, foi criada a Polo Avenue, focada em bolsas de luxo, sapatos e malas. “Os nigerianos são bem conservadores, então é difícil vender uma marca nova. O que nós fazemos é forçar a divulgação nas redes sociais, o que colabora para o boca a boca. Pode ser difícil às vezes, pois muitos clientes preferem ficar com marcas de luxo clássicas. No momento, a bolsa Dionysus, da Gucci, está vendendo muito.”
A diretora também é a maior representante da Polo Avenues, por ser considerada um ícone de estilo. O seu número de seguidores no Instagram passa dos 130.000, e seu estilo de vida é super observado. Nos cliques compartilhados, é possível notar uma extensa coleção de bolsas Hermès, roupas de designers super desejados e muitas viagens. Essa superexposição já lhe rendeu até um convite para participar de um programa de televisão inglês sobre jovens ricos – devidamente recusado.
Jennifer faz questão que a experiência de compra na loja seja prazerosa. Ela criou a “magic hour” (hora mágica), que acontece entre 15h e 18h, quando champanhes são servidos para os clientes, enquanto uma playlist – que toca, predominantemente, Beyoncé – anima o ambiente.
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Apesar das altas taxas de importação em artigos de luxo, a diretora nunca permitiu que isso afetasse a estratégia de preços: “Nossos valores são comparáveis ao da Europa. Esse é o modelo de preços que adotamos. Não seria justo penalizar os clientes. Isso significa que devemos ser mais cautelosos com os custos internos”.
No momento, ela também diz que a alta classe média da Nigéria está comprando mais produtos: “Nós estamos observando clientes que gastam, em média, de US$ 1.000 a US$ 2.000 por visita, em bolsas e sapatos. E eles voltam todos os meses. Mas também há aqueles muito ricos, que não se importam de gastar mais de US$ 100.000 em uma única visita”.
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Outro perfil crescente de clientes é o de estrangeiros. “Nós estamos observando um aumento de consumidores da elite da África. Africanos de Angola e do Congo, que viajam a trabalho para cá, acabam comprando. Assim como os funcionários das embaixadas aqui localizadas.”
No momento, a empresa está no processo para lançar lojas exclusivas das marcas Longine, Rolex e Cartier, e está pensando em também fazer isso com as grandes grifes de roupas.
Outra novidade será o e-commerce, a primeira plataforma online de artigos de luxo da África, que tem previsão de lançamento em março: “O comércio eletrônico está ganhando aceitação como um canal de compras para artigos de luxo em países emergentes – especialmente a Nigéria. Apesar dos limites de infraestrutura, decidimos investir na loja online para suprir a demanda crescente. As expectativas do típico comprador africano são muito altas. Eles querem os mais novos itens que estão na moda, assim como os designers, que muitas vezes não estão disponíveis por aqui. Até os nossos pacotes serão impecáveis. Nós também oferecemos concierges particulares, que irão selecionar itens baseados nos gostos e necessidades dos clientes. Atualmente, a África já tem os e-commerces Jumia e Konga, que atendem o mercado popular”.
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Além de oferecer o luxo internacional online, Jennifer também vai comercializar marcas locais, uma nova investida para a Polo Avenues: “Nós vamos ser um marketplace para algumas marcas exclusivas da Nigéria. Nos últimos dez anos, os designers africanos colaboraram muito para a indústria global da moda. Por isso, vamos oferecer os produtos, a fim de alavancar os estilistas locais”.