O Airbnb anunciou, em janeiro deste ano, um novo produto que vai além dos serviços de hospedagem que tornou a empresa conhecida no mundo todo. Batizada de Trips, a nova ferramenta permite aos usuários escolher programas turísticos que não são vendidos pelas agências de turismo tradicionais. “Estamos devolvendo ao viajante a mágica de conhecer um novo lugar”, afirmou um dos executivos da empresa, Chris Lehane, ao anunciar a modalidade “Experiencies” do novo produto. O norte-americano, que foi porta-voz da Casa Branca durante o mandato de Bill Clinton, explicou que a ferramenta permite escolher o local da hospedagem e os programas que o viajante pretende fazer, e garantiu que são alternativas exclusivas.
Entre as atividades oferecidas pelo Trips no mundo, atualmente, estão um tour sobre como preparar sushi em Tóquio e aulas de dança burlesca em Paris.Os usuários cadastrados na plataforma poderão, além de oferecer a hospedagem, também desenvolver passeios turísticos que permitam que o visitante conheça a cidade da mesma maneira que um residente, apresentando artistas de rua, restaurantes locais, galeria de artes, atividades na praia, trilhas na montanha, esportes etc. Entre as atividades oferecidas pelo Trips no mundo, atualmente, estão um tour sobre como preparar um sushi em Tóquio e aulas de dança burlesca em Paris.
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O Trips já está disponível em 12 cidades do mundo, entre elas São Francisco, Amsterdã, Havana e Tóquio, que oferecem, juntas, aproximadamente 800 experiências, sendo que 91% delas foi classificada com cinco estrelas, de acordo com a companhia. Em junho, o produto desembarca na América do Sul, mais especificamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires. “Com o Trips, o Airbnb está se transformando em uma plataforma de viagens”, disse Chris Lehane, que esteve nesta segunda-feira (20) no Rio de Janeiro para o lançamento do produto no Brasil, em um evento realizado no Aquário da cidade.
A novidade chegou ao mercado para intensificar a conexão do anfitrião com o viajante e deste com a região onde está hospedado. Assim, potencializa algo que já foi detectado pelo aplicativo: de que “50% da receita fica na comunidade local”, de acordo com Lehane.
O executivo ainda fez questão de reforçar que o produto é exatamente o oposto do que sugeriu o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama sobre as redes sociais e as novas tecnologias da economia compartilhada. Obama disse que as novas plataformas de consumo estão dividindo a sociedade em grupos que não se comunicam e recomendou às pessoas saírem, por um instante, do Facebook para conversar pessoalmente com outras pessoas. Lehane enfatizou que o Airbnb e, especialmente, o Trips, fazem o contrário ao conectar as pessoas “para conversarem sobre vida, filosofia e viagens”.
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Lehane ressaltou, ainda, os valores de inclusão e superação de fronteiras, numa crítica indireta à ascensão dos nacionalismos populistas na Europa e nos Estados Unidos que pregam o isolamento dos países por meio de políticas antiimigratórias e protecionistas em relação ao comércio exterior. De certa forma, esse tipo de comportamento impede o desenvolvimento da economia compartilhada na qual o Airbnb está inserido e que deve movimentar aproximadamente US$ 335 bilhões até 2025. Além disso, o executivo afirmou que os produtos da empresa são direcionados para a geração millennials, ou seja, pessoas que nasceram entre o início dos anos 1980 e o início dos anos 2000, e que , na visão de Lehane, serão 75% dos consumidores-chave da economia mundial até 2025.
A plataforma no Brasil
O executivo da companhia no Brasil, Leonardo Tristán, afirmou que a plataforma teve números positivos em 2016 apesar da recessão econômica que o país enfrenta no momento. O Airbnb registrou no ano um milhão de hospedagem no país e uma comunidade de anfitriões ativos de 130 mil pessoas. A maioria deles oferece um espaço em sua residência e, assim, acaba tendo uma atividade para complementação de renda, já que é possível arrecadar até R$ 7.000 por ano em uma cidade como o Rio de Janeiro.
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O número de anúncios na plataforma também subiu – assim como os índices de desemprego – o que pode sinalizar que os brasileiros sem uma ocupação fixa podem estar usando a plataforma como fonte de renda. Também contribuiu a parceria com a Rio 2016, que ofereceu hospedagem aos turistas que chegavam à cidade para acompanhar a Olimpíada.
Lehane disse que o mercado brasileiro está entre os principais para a empresa e que, mesmo com a recessão, tem capacidade de expandir o setor de turismo no país. “O Brasil tem uma performance abaixo do desempenho mundial”, afirmou o americano ao revelar que o turismo representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a média mundial é de 10%. Tristán destacou que a hospitalidade do brasileiro é outro fator que contribui para o potencial de crescimento do Airbnb juntamente com o turismo nacional.