O Ibope realizou uma pesquisa para saber a opinião dos brasileiros sobre a crise econômica e as perspectivas para 2017. O resultado apontou que 55% dos entrevistados acreditam que o período de recessão esteja entre o meio e o fim. Entretanto, para 41% ele está apenas no começo.
Além disso, 92% das pessoas se declararam insatisfeitas com a economia. Mesmo assim, 45% delas acreditam que 2017 será melhor que o ano anterior, enquanto 31% disseram que vai ser igual.
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O publicitário Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva – entidade que também elabora pesquisas sobre o tema -, chama atenção para o número elevado de pessoas que acreditam que a crise esteja apenas no início. Além disso, a avaliação de que ela está na metade não é positiva, pois a atual recessão já dura dois anos e seu encerramento ainda pode demorar.
Corrupção é a raiz da crise
De acordo com Meirelles, os brasileiros associam as dificuldades econômicas com a crise política em curso no país. “Existe uma desilusão com o modo tradicional da classe política em dirigir o país, independentemente que o político seja do PT, do PMDB ou do PSDB”, avalia o publicitário, afirmando que a crise é tanto de expectativa como de representatividade.
A desilusão com os políticos chega a 84% dos brasileiros, de acordo com pesquisas do Locomotiva. Estas pessoas dizem que o país está indo para o rumo errado, e não conseguem enxergar um representante político que possa tirar o Brasil dessa situação. E o nome mais lembrado entre os que citaram uma personalidade que consiga encerrar a recessão foi o do Papa Francisco. Para Meirelles, isso é um indicativo de que “o brasileiro espera por um milagre”.
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Em relação às expectativas, o desemprego elevado diminui o ímpeto do consumidor de se endividar, especialmente na aquisição de bens duráveis, pois deixa-o mais descrente com o futuro. “O pessimista tende a consumir menos que o consumidor otimista”, diz Meirelles.
Comércio otimista para 2017
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mantém uma avaliação semelhante a dos consumidores sobre a extensão da crise. Após três anos de retrocesso, os números divulgados no fim do ano passado apontam um cenário mais otimista em 2017 para o comércio paulista. Em dezembro de 2016, houve um crescimento de 3% comparado ao mesmo mês do ano anterior, e ano passado encerrou com uma leve alta de 0,1% em relação a 2015. “Os números pararam de cair e apontam uma leve retomada de crescimento”, afirma Guilherme Drietze, assessor econômico da FecomercioSP.
Embora em 2017 os números sejam positivos devido ao efeito estatístico, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio está menos pessimista em fevereiro de 2017 comparado com o mesmo período do ano passado, fechando em 93 pontos contra 75. “Esse aumento de confiança aponta recuperação e reduz o pessimismo”, diz Drietze.
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Entre os fatores para o aumento da confiança, estão a queda da inflação, a redução dos juros e o aumento do salário mínimo em janeiro. “O saque das contas inativas do FGTS pode aumentar a capacidade de consumo, mesmo que indiretamente”, avalia Drietze, apontando que os consumidores podem optar por pagar as dívidas com os recursos do FGTS, o que também leva ao aumento da capacidade de consumo no futuro.
A expectativa é que o varejo de São Paulo cresça 2,5% neste ano. No país como um todo, o cenário é pior do que o de São Paulo individualmente, mas há indicativos de arrefecimento da crise a partir da análise dos números do segundo semestre de 2016. Em meados do ano passado o varejo havia caído 10,5% no acumulado em 12 meses, entretanto encerrou o ano com queda de 8,7%. A base ruim pode apresentar números melhores ao longo de 2017.