Cinco anos atrás, a varejista japonesa de roupas Uniqlo tinha uma visão ambiciosa para os Estados Unidos, com planos de abrir 1.000 lojas no país. Apesar disso, a linha básica de roupas e jaquetas leves da marca, junto com suas camisas Oxford e alguns outros itens, não impactaram o público norte-americano como se esperava. Depois de fechar seis unidades, a companhia tinha apenas 47 lojas no EUA e não revelava mais nada sobre seus planos de abrir novos estabelecimentos.
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Apesar do cenário, Tadashi Yanai, o bilionário fundador da grife, não desistiu. Em uma visita no fim de março a Manhattan, quando lançou a coleção de outono e inverno da marca, ele contou a FORBES Ásia que pretende aumentar as receitas da parente da Uniqlo, a Fast Retailing, para US$ 29 bilhões até 2020, bem acima dos US$ 17 bilhões registrados no ano passado (até agosto). Ele está apostando no crescimento da Ásia, especialmente da China e da Tailândia. Ainda assim, esta é só uma parte do objetivo principal de Yanai: alcançar US$ 50 bilhões em vendas até 2020, o que provavelmente tornaria a Fast Retailing a maior varejista do mundo. Atualmente, a companhia é a terceira maior, atrás da H&M, que, em 2016, teve uma receita de US$ 22 bilhões, e da Zara, da Inditex, com receita no ano passado de US$ 25 bilhões.
A companhia está usando a inteligência artificial para criar peças com base no que as pessoas já compraram, do mesmo modo que a Netflix recomenda filmes levando em conta o histórico do cliente“A informação e a inovação digital determinarão o vencedor”, afirma Yanai. “E esta é a área na qual estamos.” Ou a área em que ele gostaria de estar. O bilionário almeja que suas vendas online cheguem a representar 30% das receitas – atualmente, este índice é de 5%. Seus clientes norte-americanos lideram o ranking: cerca de 20% das vendas feitas no país são online.
O e-commerce representa 7% do mercado mundial de varejo. Aproximadamente 10% das vendas da Inditex e da H&M são online. “Eu não estou feliz com o desempenho do negócio do e-commerce”, afirma Yanai.
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O bilionário também espera que tecidos melhores possam ajudar. Em três novos centros de pesquisa e desenvolvimento ao redor do mundo, cientistas têxteis estão trabalhando para tornar o jeans “não processado” mais confortável e para tentar imprimir em 3D a lã de caxemira e de cordeiro. Esses esforços complementam as três linhas de roupas tecnológicas da Uniqlo: a Heattech (camisas e calças projetadas para proteger do calor lançadas em 2003), a Ultra light down (um isolador de luz usado nos casacos produzidos desde 2009) e a mais recente, a AIRism (blusas no estilo “segunda pele” projetadas para afastar suor, lançadas em 2013).
A companhia também está usando a inteligência artificial para criar peças com base no que as pessoas já compraram, do mesmo modo que a Netflix recomenda filmes levando em conta o histórico do cliente. A ideia de Yanai é que seus consumidores recebam entregas diretas das suas fábricas em alguns anos. “A informação precisa ser traduzida em produtos de um modo muito, muito rápido”, afirma. “E esse será o nome do jogo.”