O plenário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) rejeitou por unanimidade nesta quarta-feira (2) a compra da rede de distribuição de combustíveis Ale, quarta maior do país, pela segunda maior do setor, Ipiranga, do grupo Ultrapar, por cerca de R$ 2,2 bilhões.
LEIA MAIS: Petrobras propõe estudos para IPO da BR Distribuidora, diz CEO
Prevaleceu no plenário o voto do relator, conselheiro João Paulo de Resende, pela rejeição do negócio. Em seu voto, ele explicou que a reprovação deu-se pela falta de acordo com as empresas quanto às condições a serem aplicadas para aceitar a compra.
As ações da Ultrapar, que chegaram a operar em alta antes do voto de Resende mais cedo, exibiam queda de 2,86%, às 15h20, segunda maior queda do Ibovespa.
A Ipiranga estava de olho na aquisição da Ale para complementar sua rede de distribuição no Nordeste. A Ale afirma ter cerca de 2 mil postos e 260 lojas de conveniência. Já a Ipiranga tem cerca 7.240 postos e rede de pouco mais de 1.900 lojas de conveniência.
O parecer inicial de Resende defendia a venda de ativos da Ale em 12 estados, o equivalente a 65% das operações da empresa. Ambas, porém, não aceitaram essa condição e propuseram um novo acordo, de conteúdo sigiloso, que foi negado pelo plenário do Cade.
VEJA TAMBÉM: Itaúsa diz que não tem mais interesse em adquirir BR Distribuidora
Em fevereiro, a superintendência-geral do Cade já havia ponderado que a compra da Ale poderia resultar em aumento no preço na distribuição e na revenda de combustíveis devido ao incremento de poder de mercado da Ipiranga. No mesmo mês, o Cade já tinha aprovado associação entre a Ipiranga e a norte-americana Chevron para a criação de uma nova empresa para produção e comercialização de lubrificantes.
Em comunicado ao mercado, a Ultrapar afirmou apenas que a reprovação da operação pelo Cade implica em que o contrato para a compra da Ale “restou automaticamente resolvido, sem qualquer penalidade de parte a parte”. Na semana passada, o conselho de administração da Ultrapar havia autorizado a Ipiranga a captar R$ 1,5 bilhão em debêntures de cinco anos, a 105% do CDI. Na ocasião, a Ultrapar não informou o destino dos recursos captados.
A reprovação da operação ocorreu cerca de um mês depois que o Cade rejeitou a compra do grupo de educação superior Estácio pela Kroton, que criaria uma gigante do ensino superior privado no país.