Katherine Krug levantou mais de US$ 1 milhão no Kickstarter, maior site de financiamento coletivo do mundo, que tem como objetivo apoiar projetos inovadores. Ela é a primeira empreendedora mulher a fazer isso de maneira solo.
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Fundadora e CEO da BetterBack, empresa que constrói aparelhos projetados para ajudar a diminuir as dores nas costas, Katherine recorreu ao Kickstarter para garantir a execução dos produtos pré-encomendados, depois de investir US$ 10.000 do seu próprio bolso no processo de desenvolvimento.
“O crowdfunding democratizou o acesso ao capital e removeu tudo o que impedia sua obtenção. Não existe uma sala cheia de homens para argumentar”Lançada em 2014, a inovação já arrecadou mais de US$ 3 milhões por meio de crowdfunding – mais de US$ 1 milhão exclusivamente no Kickstarter. Sem investimentos externos até agora, Katherine argumenta que o crowdfunding é a plataforma ideal para empreendedoras que conseguiram levantar apenas uma pequena parte dos recursos necessários. “O crowdfunding democratizou o acesso ao capital e removeu tudo o que impedia sua obtenção. Não existe uma sala cheia de homens para argumentar”, afirma. “As únicas pessoas que você precisa convencer e satisfazer são os seus futuros consumidores. Isso deveria tornar o crowdfunding incrivelmente libertador para mulheres e outros grupos não representados no empreendedorismo.”
Atualmente, entretanto, existem mais homens do que mulheres utilizando o crowdfunding para assegurar financiamentos iniciais. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria e auditoria PwC e pelo Centro de Crowdfunding, as mulheres são melhores em levantar dinheiro por meio da plataforma: elas são 32% mais bem-sucedidas do que os homens para atingir os objetivos de captação de recursos e para garantir quantias mais altas.
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Para Katherine, existem outras gratificações na iniciativa. Ela se refere a ela como “libertadora”, pois os capitalistas de risco costumam considerar empresas de US$ 100 milhões, US$ 500 milhões e US$ 750 milhões verdadeiros fracassos do mundo dos negócios. “Quando você se afasta do financiamento tradicional, consegue construir um empreendimento que permite focar no que realmente ama e no que quer fazer, em vez de entrar em uma corrida para fazer aquilo que os outros querem que você faça para conseguir um resultado melhor para os investidores”, diz.
A BetterBack, por exemplo, opera com uma equipe que trabalha em casa, espalhada pelo mundo. “Eu acredito que estamos na nossa melhor fase. Colocamos tudo de nós em tudo que fazemos, em vez de tentar equilibrar o trabalho e a vida pessoal.”
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A própria Katherine passou quatro meses trabalhando em lugares como África do Sul, Filipinas e Itália. “Em cada ciclo planejado, estabeleci tanto meu negócio quanto meu objetivos pessoais”, conta. Com colaboradores divididos igualmente entre homens e mulheres, Katherine garante que não está procurando apenas por talento femininos. “Eu tento construir sistemas nos quais o trabalho se torna um canal para o crescimento pessoal, não apenas para fazer dinheiro. Reservo um tempo no processo de entrevista e tento entender quais são os objetivos de vida das pessoas. Depois, eu trabalho arduamente para ajudá-las.”
Katherine diz que essa cultura de trabalho alternativa é característica de uma empresa que começou com pouco capital e por meio de crowdfunding. E ela espera que mais empreendedores sigam seu exemplo, principalmente as mulheres.
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Mas como ela conseguiu US$ 1 milhão no Kickstarter? Katherine dividiu seu tempo para cobrir três tarefas: 50% de seu tempo foi focado em conseguir pessoas para a página da campanha, enquanto os outros 50% serviam para otimizar a conversão (ou seja, fazer as pessoas doarem) e conectar-se com a maior quantidade possível de financiadores. “O norte de qualquer campanha deveria ser conseguir se encaixar na categoria ‘Mais Popular’, para que as pessoas que estão navegando na plataforma possam ver seu projeto. O fator mais importante no algoritmo desta categoria é o número de financiadores, não os dólares arrecadados em um determinado período”, enfatiza. Antes de lançar sua primeira campanha, ela mandou um email para 120 amigos perguntando se eles poderiam doar US$ 1 no dia do lançamento. A tática funcionou: ela entrou na categoria ‘Mais Popular’ – pelo menos no primeiro dia.
Por fim, Katherine afirma que é importante incluir uma quantidade grande de financiadores. Ou seja, oferecer atualizações do projeto, informar se a campanha está indo bem e responder a questões e comentários em tempo hábil. “Seus financiadores estão dando vida ao seu sonho, então pense sobre como você pode agregar valor por meio de cada interação,” afirma.
Para Katherine, o crowdfunding se tornou a rota ideal para levantar fundos, vender produtos e interagir. Ela afirma que mais empreendedoras deveriam considerar a alternativa para poder viabilizar companhias que respeitam a cultura de trabalho, em vez de perseguir o dinheiro do capital de risco.