As fintechs no Brasil estão recebendo apoio de instituições de fomento para seus planos de crescimento, enquanto começam a fazer parcerias com bancos comerciais e aguardam sinais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para repassarem empréstimos a pequenas e médias empresas.
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Órgãos como o IFC, braço financeiro do banco Mundial, a Finep, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e a Desenvolve SP, do governo paulista, têm apoiado essas plataformas por meio de empréstimos ou investimentos diretos.
Entre as fintechs investidas estão GuiaBolso, plataforma de finanças pessoais que em fevereiro recebeu R$ 60 milhões de investidores capitaneados pela International Finance Corporation (IFC). A empresa foi a primeira brasileira dentre as 26 fintechs investidas pela IFC globalmente.
A Desenvolve SP concedeu empréstimos diretos à f(X), plataforma de crédito via leilão reverso para pequenas e médias empresas, e para a Bee Tech, de serviços de câmbio.
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Em parceria com outros órgãos de fomento do governo paulista e com o CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, a Desenvolve SP também tem investido em fintechs por meio do fundo SP Ventures, incluindo Concil (conciliação financeira), Smart Bill (cobrança), Moneto (meios de pagamentos) e Bom Pra Crédito, de empréstimos pessoais.
Mais recentemente, a Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas) lançou um plano para investir em até 50 startups no país, incluindo fintechs.
Segundo o presidente da Desenvolve SP, Milton Santos, uma das motivações do órgão para investir nas fintechs é a percepção de que o padrão dos negócios, em geral baseado em grande volume de informações e uso de modelos matemáticos, ajuda a dar maior eficiência a operações, como crédito. “Elas ajudam a cruzar informações para avaliação de risco e aceleram a contratação e a liberação de recursos”, disse Santos à Reuters.
Esse movimento tem crescido nos últimos anos diante de uma postura mais amigável do Banco Central, uma vez que elas ajudam uma agenda lançada pela instituição no ano passado, de tentar baixar o custo do crédito.
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Entre as fintechs que oferecem empréstimos, é comum ouvir dos empreendedores que boa parte do crédito tomado é para trocar dívidas caras (rotativo, cheque especial) por outras mais baratas. A Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), que representa o setor, prevê que mais de R$ 1 bilhão será emprestado neste ano por meio das fintechs, inclusive em parceria operacional com grandes bancos de varejo.
A Bom Pra Crédito, por exemplo, faz a intermediação de crédito oriundo inclusive de bancos como o Bradesco e o Banco Pan. “Com parcerias como essas pretendemos dobrar a base de clientes para três milhões ainda em 2017”, disse Ricardo Kalichsztein, fundador e presidente do Bom Pra Crédito, que recebeu R$ 6 milhões na última rodada de investimentos em junho.
BNDES
A despeito de apoios específicos de investimento, –
O próprio banco tem sinalizado que pretende que as fintechs tenham participação relevante nos desembolsos para o setor nos próximos anos. Um primeiro passo nesse sentido foi dado nesta quarta-feira (24), quando o BNDES anunciou um canal de empréstimos de capital de giro pela internet.
Especialistas do setor dizem que o banco já tem consultado algumas fintechs para testes sobre alguns modelos para repassar empréstimos. Mas ainda não tem previsão de data para um primeiro projeto no setor. “O BNDES está buscando conhecer esse universo e identificando oportunidades de soluções que são providas por essas empresas, para avaliar de que forma essas soluções poderiam ser conectadas nessa estratégia de ampliação do acesso ao crédito”, afirmou o banco em nota à Reuters.