A Petrobras teve queda no lucro líquido do segundo trimestre, a R$ 316 milhões, em resultado abaixo do consenso do mercado devido a despesas bilionárias com a adesão a programas de regularização tributária, preços do petróleo ainda fracos, queda nas exportações e menores vendas domésticas.
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O lucro líquido recuou 14,6% sobre o segundo trimestre de 2016 e 93% ante os três primeiros meses deste ano, com efeitos negativos de R$ 6,234 bilhões da adesão aos programas tributários conhecidos como PRT e Pert. As despesas com Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido somaram, por exemplo, R$ 4,331 bilhões no segundo trimestre.
Analistas, em média esperavam lucro líquido de R$ 2,405 bilhões.
“O lucro foi bem menor que no primeiro trimestre, mas pelo segundo trimestre temos lucro, o que não se via há muito tempo…”, afirmou o presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente, em entrevista a jornalistas após a divulgação dos resultados.
Entretanto, ele citou ainda a queda dos preços do petróleo frente ao primeiro trimestre e menores volumes vendidos no mercado interno, que caíram quase 10% na comparação com o segundo trimestre do ano passado, para 1,836 milhão de barris/dia, ainda pelo impacto da crise econômica.
O preço do petróleo Brent no segundo trimestre ficou em 49,83 dólares/barril, em média, recuo de 7% ante os três primeiros meses do ano, mas um aumento ante o mesmo período de 2016 (US$ 45,57).
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“O resultado do segundo trimestre teve impacto do preço do petróleo, que caiu, e da demanda menor. Como o preço cai e a quantidade cai, há um efeito (sobre resultado)…”, completou Parente, lembrando que os resultados ainda foram relativamente bons, principalmente por conta de medidas de redução de custos.
O presidente destacou que resultados positivos a partir de uma revisão da política de preços dos combustíveis, anunciada no fim de junho, que permitiu ajustes quase diários para recuperar participação de mercado perdida, virão apenas a partir de setembro.
Enquanto isso, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado somou R$ 19,094 bilhões no segundo trimestre, queda de 6,6% ante o mesmo período do ano passado.
E a companhia viu uma queda ainda maior no Ebitda, de 24%, ante o primeiro trimestre, devido principalmente à queda nas margens dos derivados, além de menor volume de exportações.
A exportação no segundo trimestre somou 654 mil barris por dia no segundo trimestre – sendo 487 mil barris/dia de petróleo e 167 mil barris/dia de derivados -, versus 779 mil barris no primeiro trimestre e ante 515 mil barris no mesmo período do ano passado.
As importações somaram 341 mil barris/dia, com leve queda ante o mesmo período do ano passado, sendo 139 mil barris/dia de petróleo, 10 mil de diesel e 7 mil de gasolina, além de 185 mil barris/dia de “outros derivados”.
PERFIL DA DÍVIDA
O fluxo de caixa livre foi positivo pelo nono trimestre consecutivo, atingindo R$ 9,354 bilhões, mas ficou 30% abaixo do valor registrado no primeiro trimestre em meio a uma redução da geração operacional.
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O endividamento líquido caiu de R$ 314,120 bilhões ao final do ano passado para R$ 295,3 bilhões ao final do primeiro semestre.
O indicador de dívida líquida/Ebtida ajustado ficou em 3,23 vezes, praticamente estável ante o primeiro trimestre (3,24 vezes), mas com uma queda importante ante o mesmo período do ano passado, quando era de 4,30 vezes.
O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que a dívida da empresa “continua muito alta” e que por isso a petroleira está tentando refinancimentos.
“Por isso continuamos com a trajetória de redução da dívida, e com programa de desinvestimento, hoje temos várias opcões… todos os bancos e em todas as geografias estão abertos e vamos anunciar nas próximas semanas outra operações”, disse ele.
Ele afirmou que a companhia buscará reduzir ainda mais os volumes de vencimentos de dívidas em 2018, 2019 e 2020. “Hoje temos vencimento para 2018 de US$ 9,3 bilhões e vamos trabalhar para uma redução entre US$ 1,5 e 2 bilhões”, declarou Monteiro.
O executivo explicou que uma das fontes de financiamento neste ano será com um retorno ao BNDES, que irá somar R$ 2 bilhões.
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Desse volume, até R$ 1 bilhão será com a linha Finame, voltada para máquinas e equipamentos, e os demais para outras finalidades, disse o diretor.
Enquanto lida para reduzir dívida, a empresa trabalha na revisão do plano negócios e gestão, que deverá ser apresentado ao conselho de administração em setembro, para depois ser revelado ao mercado, disse o presidente da empresa.