Aqueles que acompanham as carreiras de Warren Buffett e Bill Gates sabem que um dos pontos de encontro favoritos dos bilionários é a mesa de bridge. Os dois são estudiosos apaixonados do jogo e, ao que parece, têm até a mesma professora, diz o portal “Time Money”.
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Em uma entrevista para o jornal “Washington Post”, Sharon Osberg, a instrutora norte-americana – que é também duas vezes campeã internacional de bridge – revelou que os bilionários têm abordagens diferentes em seu desenvolvimento como jogadores. “Há uma grande diferença entre a abordagem de Bill Gates e Warren Buffett para aprender o jogo”, disse Sharon. “Bill é muito científico, lê e estuda por conta própria. Warren gosta de jogar e tem bons instintos.”
Ainda de acordo com a especialista, enquanto Gates é mais metódico e Buffett parece aprender mais na prática, o interesse de ambos pelo bridge é quase o mesmo. “Quando eu conheci Warren, seu jogo era bruto”, disse ela. “Nós jogávamos à noite e eu ia passando pelos principais pontos e ensinando. Ele absorvia como uma esponja. Bill é igual. Os dois têm grande capacidade cerebral.”
Talvez o mais interessante de tudo isso seja o fato de o jogo de cartas ter grande apelo no mundo dos investimentos. Thomas Heath, do “Washington Post”, conta que o investidor David Einhorn é um jogador ávido. Antes de a Bear Stearns ir à falência, em 2008, era conhecida como a “empresa do bridge”, pois muitos de seus sócios eram adeptos do jogo.
“Sabe, se eu estiver jogando bridge e uma mulher nua passar por mim, eu sequer a vejo”, brincou Buffett em uma entrevista para a emissora “CBS News”, em 2008. “Não faça esse teste”, acrescentou rapidamente.
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Mas há uma razão para os investidores parecerem naturalmente atraídos pelo bridge. Ben Graham, titã dos investimentos e um dos mentores de Buffett, disse que o jogo, assim como o ato de investir, envolve deter-se a uma estratégia muito bem pensada. Perdas ocasionais são inevitáveis, mas o sucesso vem com disciplina e um plano inteligente. “Às vezes, jogar uma mão da maneira certa leva ao fracasso; às vezes, escolher uma ação pelas razões certas resulta em perda.” É assim que o jornal canadense “Globe and Mail” explicou a filosofia de Graham sobre a correlação entre bridge e investimento.
“A abordagem e as estratégias são muito similares. Você reúne toda a informação que puder e, então, permanece alimentando esta base de dados à medida que as coisas se desenvolvem”, disse Buffett sobre bridge e investimento. Há também lições que o jogo pode ensinar em termos de trabalho em equipe e liderança de um negócio: “No bridge, você se comporta de maneira a tirar o melhor do seu parceiro. E, nos negócios, você se comporta da maneira a tirar o melhor de seus superiores e funcionários”.
Sharon tem experiência prévia em bancos – foi executiva na Wells Fargo por 18 anos (ela começou antes de ter conhecido Buffett). Agora, joga partidas online semanais com o bilionário. “Uma ou duas vezes por ano, eu me sento e apenas escuto Bill e Warren. Eles falam sobre empresas, tendências, inteligência artificial, proliferação nuclear, o que o futuro pode guardar e as implicações políticas no mundo dos negócios”, disse a jogadora ao “Washington Post”.
“Eu não sei como eu tive tanta sorte”, diz a campeã. Apesar de Sharon gostar, claramente, de jogar com seus alunos ricos e famosos, ela admite que eles têm muito a aprender, mesmo depois de jogarem bridge há algumas décadas. “Eles não estão no patamar superior de jogadores nacionais ou mundiais”, disse ela. “São ainda muito sólidos, jogadores do dia a dia.”