A Suzano Papel e Celulose vai esperar até setembro para ter uma visão mais clara sobre a relação de oferta e demanda no mercado global de celulose, enquanto tenta implementar para a China reajustes anunciados em junho, afirmou o diretor da área, Carlos Aníbal de Almeida Jr., nesta quinta-feira (3).
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A companhia vem implementando sucessivos aumentos de preços na Ásia desde outubro, mas o reajuste anunciado no fim de junho ainda não foi totalmente aplicado, apesar dos pedidos de clientes em julho terem sido maiores que os do mês anterior. “Há um movimento de compradores para reduzir o preço, mas isso vem no momento errado porque os estoques estão abaixo da média histórica”, disse Aníbal em teleconferências com analistas e jornalistas após resultado de segundo trimestre divulgado na noite desta quarta-feira (2).
Alguns dos maiores produtores do mundo, como CMPC, Eldorado e a própria Suzano, decidiram fazer paradas de manutenção no segundo semestre, o que deve ajudar a reduzir a oferta.
Segundo Aníbal, a parada de manutenção na Suzano ocorrerá na unidade de Imperatriz (MA), em 20 de agosto, e terá como foco uma modernização de equipamentos. Ele não estimou quanto tempo vão durar os trabalhos, mas disse que a iniciativa vai reduzir a oferta no terceiro trimestre em 100 mil toneladas, algo que o presidente da Suzano, Walter Schalka, avalia que deve ajudar a reduzir a pressão da oferta.
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Sobre as negociações dos controladores da rival Eldorado Brasil para vender a empresa, Schalka não avalia que um fechamento do negócio para a chilena Arauco irá pressionar para baixo o panorama de preços. “Se a Eldorado passar a vender a preços menores, quem vai perder valor é ela, porque ela já está produzindo a plena capacidade”, disse o presidente da Suzano.
Por outro lado, “certamente uma redução no número de participantes vai gerar situação onde exista uma maior disciplina de oferta e maior criação de valor para todos”, afirmou Schalka, reiterando que a empresa tem interesse na Eldorado, mas não é compradora natural da fabricante por causa de baixo nível de sinergias que seriam obtidas.
PAPEIS SANITÁRIOS
Shalka afirmou que a companhia está dentro do cronograma para iniciar no terceiro trimestre a produção de rolos grandes de papéis sanitários, conhecidos como “jumbo rolls”, na fábrica de Mucuri (BA), e em Imperatriz no quarto trimestre. O objetivo é iniciar a venda do produto a consumidores finais a partir de janeiro, com marca própria, nas regiões Norte e Nordeste.
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O produto marcará uma nova fonte de receita para uma companhia que até agora tem mais tradição na produção de papeis para escrever e embalagens, além de celulose.
Schalka comentou que o início da venda dos produtos de papel tissue, ou sanitários, deverá “gerar um aumento importante em nossa geração de caixa”, mas não deu detalhes.
A Suzano manteve previsão de investimento de R$ 1,8 bilhão neste ano, sendo R$ 1,1 bilhão em manutenção e em “competitividade estrutural e negócios adjacentes”, após R$ 1,6 bilhão em 2016. O presidente da Suzano evitou projeção para 2018, mas afirmou que o nível de investimento em manutenção deve ficar semelhante ao deste ano. “Não temos nenhum grande projeto para implementar no ano que vem”, disse o executivo.
Às 14h09, a ação da Suzano caía 1,5%, enquanto o Ibovespa mostrava baixa de 0,54%. Os papéis dispararam 7,4% na terça-feira (1), depois que a empresa divulgou que aprovou plano para migrar para o Novo Mercado, da B3, sem que os controladores cobrem um prêmio para levarem a empresa para o nível máximo de governança corporativa, como costuma acontecer em operações como esta.
“Nosso objetivo não é ser maior, é ser melhor…Queremos ter roics (sigla em inglês para retorno sobre capital investido) melhores no futuro. Estamos trabalhando em várias alternativas e, em todas elas, é requerimento provocar um aumento de roic, de retorno”, disse Schalka ao ser questionado sobre eventuais operações de fusão e aquisição envolvendo a Suzano.