Empreendedorismo e startups são duas palavras que estão na moda. Há uma proliferação de especialistas e consultores que ensinam a transformar uma ideia em uma solução inovadora disponível no mercado, mas poucas pessoas têm realmente gabarito para falar com propriedade sobre o assunto. Este é o caso de Amrit Dhir, gerente global de operações do Google Campus.
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Ele esteve em São Paulo no início de agosto para participar do evento Friends of Tomorrow, promovido pela Aerolito, empresa de atividades criativas e futuristas. Depois da sua apresentação, Dhir falou, com exclusividade, com FORBES, sobre empreendedorismo, o ecossistema de inovações e o papel do Google no setor.
Como o Google impulsiona o empreendedorismo no mundo?
A empresa tem uma fantástica ferramenta de suporte ao empreendedorismo ao redor do mundo, disponível por meio da plataforma Google for Entrepreneurs. Focamos, basicamente, em duas formas de atuação. A primeira é a parceria. Nos associamos a aceleradoras, espaços de coworking e ventures capital ao redor do mundo, especificamente em locais e cidades onde já há comunidades de inovação instaladas. Trabalhamos e damos apoio para que nossos parceiros se conectem entre eles e com os recursos que o Google pode oferecer. E estamos aumentando a capilaridade deste modelo, com dezenas de parcerias pelo mundo. A segunda iniciativa é o Campus, que é de minha responsabilidade. É uma experiência formidável, já que é uma imersão no ecossistema do empreendedorismo inovador nas cidades em que estamos, além de ser um espaço de encontro para co-fundadores, de organização de eventos, desenvolvimento da comunidade e lançamento de produtos. O primeiro Campus foi em Londres, há cinco anos, e em seguida instalamos outro em Tel-Aviv (Israel).
Há mais oportunidades de criar uma startup hoje do que na época em que o Google foi lançado?
Atualmente as pessoas conversam mais sobre o assunto, é o que vemos nas comunidades nas quais estamos imersos e isso é positivo. Era esse ambiente, por exemplo, que vi em Varsóvia (Polônia), onde estive nos últimos seis meses. Esse período na cidade polonesa foi inspirador, vi como as conversas se desenvolvem. Percebemos que a aceleração de um ecossistema está relacionada com as conversas que surgem no ambiente. Além disso, percebe-se que há um movimento de amigos, familiares, mentores e professores querendo se tornar empreendedores.
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Quais são as iniciativas do Google para auxiliar o empreendedorismo no espaço online?
Temos várias equipes que desenvolvem ferramentas para startups. Há, por exemplo, o Google Cloud, o Adword, financiamos startups por meio da Google Ventures. São muitos exemplos da empresa trabalhando com empreendedorismo. Temos prioridade nas parcerias e nos Campus. As parcerias são para dar o empoderamento para quem conhece a comunidade de perto nos locais onde não há Campus.
Quais seriam os seus conselhos para quem está planejando começar uma startup?
Em primeiro lugar, desafie o que você acha que são os seus segredos. Eu sempre menciono que startups gostam de operar no piloto automático. Isso acontece, em parte, devido a motivações próprias, mas também por causa da preocupação de que alguém possa roubar as ideias. Algo que eu aprendi no Google é que o compartilhamento não é fácil. Dividir a sua ideia e opinião permite às pessoas darem uma nova visão e sugestões que podem te desafiar, te tirar da zona de conforto, mesmo se elas não forem da sua área de atuação – o que pode ser muito benéfico. O segundo conselho é fazer parte de uma comunidade. Há um mito de que startups nascem e crescem dentro de uma garagem. O Google começou assim, com Larry Page e Sergey Brin trabalhando em uma garagem. O mais importante, entretanto, da história dos dois é que eles não trabalhavam isoladamente, eles estavam conectados à comunidade da Universidade de Stanford, onde ficavam seus professores e mentores. Além disso, havia a comunidade do Vale do Silício, onde tinha outros empreendedores e investidores para apoiá-los, o que foi essencial para o crescimento do Google. A ideia de comunidade é como vemos o Campus. Ache ou construa a sua, encoraje outros empreendedores a fazerem o mesmo, pode ser de maneira física ou online, desde que se tenha o essencial: o aprendizado e a troca de ideias.