O banco de investimentos Banco Clássico está em conversas avançadas para comprar a fatia de cerca de 20% das ações com direito a voto que a Andrade Gutierrez detém na elétrica mineira Cemig, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto do assunto nesta sexta-feira (8).
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Segundo uma das fontes, a Andrade Gutierrez pode levantar cerca de R$ 1,4 bilhão com a venda da participação na Cemig, uma das maiores empresas de eletricidade do país. O negócio deve ocorrer nas próximas semanas.
A Cemig surpreendeu o mercado ao comunicar em meio ao feriado de 7 de setembro que a unidade de concessões da Andrade Gutierrez, AGC Energia, deixou o bloco de controle da companhia e assim está apta a vender suas ações da empresa, seja na bolsa de valores, seja no mercado de balcão.
O preço de venda deve representar um prêmio de quase 100% sobre o valor da ação ordinária da Cemig, que era negociada em queda de 2,58%, a 8,30 reais, perto do fechamento. O volume de negócios da ação atingiu o nível mais alto desde maio com as notícias.
Por quase 15 anos a Andrade Gutierrez compartilhou o controle da Cemig com o governo de Minas Gerais, que detém 51% das ações com direito a voto na companhia, em um acordo de acionistas que dava à construtora forte poder sobre decisões estratégicas da companhia.
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Duas fontes disseram à Reuters que a saída da AGC veio em meio a desentendimentos com os demais sócios da Cemig sobre os planos para reduzir os endividamento da companhia e para vender ativos que dão prejuízo ou baixos retornos, como a Renova Energia.
A relação entre o governo e a empresa se deteriorou a partir da posse do petista Fernando Pimentel como governador de Minas Gerais, em 2015. A nova gestão mineira buscou reestruturar a Cemig, que cresceu muito e rápido demais na década anterior.
Um sócio como o Banco Clássico, que também é um acionista minoritário da estatal Eletrobras, seria fundamental para acelerar a reestruturação da Cemig e a gestão da dívida da companhia, disse uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato.
O Banco Clássico possui atualmente cerca de 8% do capital da Cemig, o que inclui ações preferenciais e ordinárias.
A Reuters não conseguiu contato com representantes do Banco Clássico. A Cemig e a Andrade Gutierrez recusaram-se a comentar. O governo de Minas Gerais não comentou de imediato.
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A Andrade Gutierrez vinha há alguns meses negociando um meio de sair da Cemig, disse uma das fontes.
Como parte do acordo de acionistas, a AGC detinha o controle de diversas posições importantes na elétrica mineira, incluindo a área responsável por novos negócios e aquisições.
Até o momento, os planos de desinvestimentos da Cemig têm avançado mais lentamente que os de outras companhias do setor, o que evidencia as dificuldades de se gerenciar uma empresa que expandiu-se para setores além da energia nos últimos anos, com participação nas áreas de gás natural, telecomunicações e tecnologia da informação.
A maior parte das aquisições da Cemig nos últimos anos, no entanto, resultou em retornos abaixo do esperado, o que hoje pressiona o endividamento da companhia.
OUTROS NEGÓCIOS
O diretor financeiro da Cemig, Adézio Lima, disse em julho que a companhia pretende vender toda sua participação na controlada Light, que opera em geração e distribuição, para focar em outros negócios principais.
Com uma dívida consolidada de R$ 12,5 bilhões até o final de junho, a Cemig está ainda prestes a perder as concessões de quatro de suas hidrelétricas, cujos contratos expiraram. A empresa também tem R$ 4,1 bilhões em dívidas a vencer antes do final do ano.
A Cemig e a Light, que fazem parte do bloco de controle da Renova Energia, também estão muito próximas de um acordo para vender suas participações na companhia de geração limpa à canadense Brookfield, disse uma das fontes.
Se o negócio for fechado com sucesso, a Brookfield provavelmente tornará a Renova uma empresa de capital fechado, disse a fonte.
O diretor financeiro da Cemig disse em julho que a venda da Renova poderia levar cerca de 60 dias.
Um porta-voz da Brookfield recusou-se a comentar.