A Telecom Italia anunciou nesta quinta-feira (28) a escolha do executivo Amos Genish, ex-presidente da operadora brasileira GVT, para ser seu presidente-executivo, apostando que ele poderá defender a empresa da crescente concorrência na Itália, reforçar operações no Brasil e acalmar políticos em Roma.
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Amos Genish, que também é ex-capitão do exército de Israel, foi promovido apenas dois meses depois de ter sido nomeado gerente geral de operações da companhia de telefonia italiana, onde o grupo francês de mídia Vivendi detém uma participação de 24%.
A escolha do executivo de 57 anos e favorito do presidente do conselho da Vivendi, Vicent Bolloré, acontece em um momento de crescente desconforto em Roma sobre a influência do grupo francês na telefônica. “A Telecom Italia precisa ter uma construção colaborativa com as instituições e reguladores”, disse o presidente-executivo do conselho da companhia, que também é presidente-executivo da Vivendi, Arnaud de Puyfontaine.
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Genish assume o comando da Telecom Italia em uma fase na qual a empresa está batalhando em várias frentes: o negócio de telefonia fixa está perdendo valor, novos concorrentes em banda larga e telefonia móvel estão surgindo e sua única operação internacional, a TIM no Brasil, está lidando com a fraqueza da economia do país.
O predecessor de Genish, Flavio Cattaneo, tinha lançado uma estratégia de corte de custos, aumento de lucratividade e incremento da agilidade no processo de competição. Ele conseguiu que os negócios da empresa na Itália voltassem a crescer e ampliou investimentos em banda larga e infraestrutura de comunicações móveis.
Apesar disso, Genish herda uma empresa pressionada por dívida de € 25 bilhões e pela iminente chegada da rival francesa de telefonia móvel Iliad, que provavelmente vai causar achatamento de margens. Por outra frente, os investimentos rivais em banda larga pelo grupo de energia elétrica Enel estão minando os esforços da Telecom Italia na área.
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Genish é o terceiro presidente-executivo da Telecom Italia em menos de dois anos, o que faz os investidores se questionarem qual o objetivo final da Vivendi para a companhia: usar a operadora como pilar para um plano de criar um império de mídia no sul da Europa ou um ativo a ser negociado na próxima onda de fusões da indústria europeia de telecomunicações.
O relacionamento de Genish com a Vivendi é antigo. O executivo vendeu a GVT para o grupo francês em 2009 e, cinco anos depois, convenceu Bolloré a vender a operadora brasileira para a Telefónica, obtendo um ganho de capital de US$ 4 bilhões para o grupo francês.
Depois disso, Genish acabou assumindo o comando da Telefônica Brasil, que atua sob a marca Vivo, capturando participação de mercado de rivais e fazendo da empresa a mais lucrativa do setor em meio à recessão brasileira.