Quinta-feira fria em São Paulo. A diretora da Faculdade das Américas (FAM) chega ao campus da Rua Augusta, estaciona seu Mini Cooper e cumprimenta, com um sorriso, os funcionários que passam por ela. Seu bom humor é diametralmente oposto ao da noite anterior, quando estava no estádio Allianz Parque, vendo o Palmeiras ser eliminado da Copa Libertadores pelo pequeno Barcelona de Guayaquil. Muitos palmeirenses, inconformados, perguntavam: “Gastamos R$ 100 milhões para isso?”
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A diretora da FAM tinha mais motivos para revolta do que todos aqueles 38 mil torcedores. Ela é Leila Mejdalani Pereira, também presidente-executiva da Crefisa, patrocinadora do clube desde 2015. Os R$ 100 milhões – mais exatamente, R$ 103 milhões só este ano – eram dela. “A derrota fortalece, me dá mais vontade de vencer”, diz. “Ainda tenho esperança de título”, afirma, sobre as remotas chances de vencer o Brasileirão.
O dinheiro “perdido” pode parecer muito, mas não para Leila e seu marido, José Roberto Lamacchia. O patrimônio do casal vem das empresas controladas pela holding de capital fechado Crefipar, controladora da Crefisa, da FAM e de outras nove empresas. Somente na Crefisa, são 5 milhões de clientes – a maioria das classes C e D com restrição a crédito. Antes da visibilidade no futebol, conquistava clientes com comerciais nos intervalos do Jornal Nacional e outros programas de grande audiência na TV.
Estima-se que eles já colocaram R$ 300 milhões no clube desde 2015, incluindo as cotas de patrocínio, contratação e pagamento de salários de jogadores, além de reformas da infraestrutura. “Não imaginava que teríamos tanta visibilidade”, explica a executiva, dizendo que a Crefisa e a FAM agora são conhecidas em todas as faixas de renda. Segundo ela, esse nem era o objetivo ao estampar a marca no uniforme palmeirense. A parceria nasceu após seu marido curar-se de um linfoma e tomar como missão ajudar sua equipe do coração, quase rebaixada no Campeonato Brasileiro de 2014. O primeiro contrato foi de R$ 23 milhões. O atual vale até dezembro de 2018 e prevê R$ 150 milhões somente com a cota de patrocínio – disparado, o maior do Brasil (o segundo é o de R$ 25 milhões anuais da Caixa para o Flamengo).
Depois do Palmeiras, a paixão de Leila é a FAM. “Dedico 50% do meu tempo à faculdade”, diz, orgulhosa, sobre o empreendimento mais recente da Crefipar. Há quatro meses, a faculdade iniciou a construção de uma unidade de 100 mil metros quadrados na Mooca, no terreno do Moinho Santo Antonio. “Ele vai ser restaurado e vou abrir a biblioteca ao público”, promete a bilionária. O investimento na obra é de R$ 500 milhões.
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O casal também contribui com obras sociais. A Crefisa é a maior doadora do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), com um aporte de R$ 8 milhões anuais. Além disso, com R$ 30 milhões, o casal financia 100% da reforma da hematologia e do setor de transplantes de rins do Hospital das Clínicas.
Contrastando com a falante Leila, seu marido é um homem reservado. Natural de Birigui, no interior paulista, José Roberto trabalha desde os 12 anos. Fundou a Crefisa em 1964, com o dinheiro da venda de um banco fundado por seu pai. Ele e a carioca Leila são casados há 35 anos. Leila é ativa também nas redes sociais. No Instagram tem 117 mil seguidores, e sua página no Facebook tem mais de 159 mil curtidas. Tudo isso colocou o casal no centro dos holofotes. E, pela primeira vez, na lista de bilionários de FORBES.
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