A mineradora Vale teve lucro líquido de R$ 7,14 bilhões no 3º trimestre, quase quatro vezes superior ao registrado no mesmo período de 2016, devido a melhorias na realização de preços, levando a empresa a dizer, nesta quinta-feira (26), que está a caminho de acelerar a redução do endividamento líquido.
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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 13,25 bilhões no período, alta de 37,5% ante o mesmo trimestre do ano passado, com aumento nas vendas de minério de ferro, principal produto da companhia.
Os resultados vieram levemente abaixo do esperado. Em dólares, o lucro líquido atingiu US$ 2,23 bilhões, ante consenso de estimativas compiladas pela Thomson Reuters de US$ 2,439 bilhões.
A comercialização de minério de ferro (finos) da companhia, maior produtora global da commodity, atingiu 76,4 milhões de toneladas, ante 74,2 milhões no mesmo período do ano passado, com vendas a preços mais altos.
O preço de referência de finos de minério de ferro fechou o 3º trimestre em US$ 76,10 por tonelada, alta de quase 30% na comparação anual.
Assim, a Vale registrou receita operacional líquida de R$ 28,6 bilhões no 3º trimestre, alta de 31% na comparação anual.
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Em relatório, o BTG Pactual destacou que a Vale está melhorando os resultados, mas observou que eles vieram levemente abaixo das expectativas da instituição, que, admitiu o banco, “estavam altas”.
O Ebitda em dólares foi de US$ 4,192 bilhões, 9% abaixo do esperado pelo BTG e entre 3,5% e 4% abaixo do consenso de analistas. “Atribuímos isso a uma série de fatores: embarques de minério de ferro ligeiramente inferiores (8% menos), baixas realizações de preços de pelotas (8% menos), menor Ebitda de metais básicos (20% abaixo, com desempenho decepcionante no níquel) e menor Ebitda de carvão…”, analisou o BTG.
FLUXOS FUTUROS
O presidente-executivo da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que os números do trimestre mostraram os resultados iniciais “da abordagem de gerenciamento de custos matricial” e sinalizou resultados ainda melhores no futuro. “A rigorosa disciplina na alocação de capital terá impacto direto nos fluxos de caixa futuros”, acrescentou ele.
Os investimentos da Vale somaram US$ 863 milhões no 3º trimestre e devem fechar ano de 2017 em US$ 4 bilhões – a previsão de setembro para o Capex era de US$ 4,2 bilhões, versus US$ 5,5 bilhões em 2016.
Segundo Schvartsman, esta é uma nova fase para a Vale em termos de eficiência, sustentabilidade e governança corporativa. “Agora podemos ir para o segmento de listagem do Novo Mercado bem antes dos nossos planos originais com o apoio de todos os nossos acionistas. Estamos prontos para transformar a Vale em uma verdadeira corporação”, completou.
QUEDA NA DÍVIDA
Segundo a Vale, os recursos de Project Finance do corredor logístico de Nacala, em Moçambique, permitirão à companhia atingir em 2017 dívida líquida entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões.
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Em apresentação em setembro, a companhia havia informado que deveria fechar o ano com dívida líquida entre US$ 14 bilhões e US$ 16 bilhões.
A Vale fechou o 3º trimestre com dívida líquida de US$ 21,07 bilhões, ante US$ 22,1 bilhões no 2º trimestre e quase US$ 26 bilhões no mesmo período do ano passado.
“O 4º trimestre vai acelerar a redução da dívida. Tradicionalmente é um trimestre muito forte em termos de venda e recebimentos, e, além disso, assinaremos o Project Finance do Corredor de Nacala no dia 22 de novembro de 2017, com recebimento de mais de US$ 2 bilhões”, disse o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, em nota. “Os recursos estarão totalmente disponíveis para a redução da dívida, nos permitindo atingir o target de dívida líquida entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões de 2017”, destacou.