A Petrobras informou nesta segunda-feira (13) que teve lucro líquido de R$ 266 milhões no terceiro trimestre, abaixo da expectativa bilionária do mercado, em meio a eventos não recorrentes, como contingências judiciais e adesão a programas de regularização tributária, além de queda nas vendas de combustíveis.
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O resultado, entretanto, reverteu um prejuízo de R$ 16,458 bilhões no mesmo período do ano passado, que havia sido amplamente impactado por baixas contábeis, dentre outras questões, informou a petroleira estatal. O consenso do mercado apontava para um lucro de R$ 3,2 bilhões entre julho e setembro deste ano.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 19,223 bilhões de reais no terceiro trimestre, ante R$ 22,262 bilhões no mesmo período do ano passado.
“O resultado foi inferior ao que esperava o mercado, mas isso se deveu a itens extraordinários, que totalizam cerca de R$ 2 bilhões, e eles reduziram o resultado nesse trimestre para números da ordem de R$ 300 milhões, ainda positivo”, afirmou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, a jornalistas.
Parente voltou a afirmar que gostaria de voltar a pagar dividendos o quanto antes e que isso será possível caso o resultado acumulado de 2017 seja positivo. Entretanto, evitou fazer qualquer projeção de expectativa.
No acumulado do ano até setembro, a Petrobras somou lucro líquido de R$ 5,031 bilhões, ante prejuízo líquido de R$ 17,334 bilhões no mesmo período de 2016. Para Parente, a mudança de cenário da empresa, “sem dúvida, se deve comemorar”.
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No encontro com jornalistas, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, explicou que dos R$ 2 bilhões, em itens extraordinários no terceiro trimestre, aproximadamente R$ 900 milhões foram do chamado Refis, programa de refinanciamento de débitos tributários da União.
Em seu balanço financeiro, a Petrobras informou “outras despesas operacionais” de R$ 4,5 bilhões, com maior provisão para perdas e contingências com processos judiciais, que somaram R$ 1,64 bilhão.
A empresa reportou ainda despesas gerais e administrativas de R$ 2,45 bilhões no terceiro trimestre, alta de 10% ante o segundo trimestre, basicamente por maiores gastos com serviços de terceiros.
A receita de vendas da Petrobras no terceiro trimestre somou R$ 71,822 bilhões, ante R$ 70,443 bilhões no mesmo período do ano passado.
Ao enfrentar aumento da concorrência no mercado de combustíveis, com crescente aumento de importações por outras companhias, o volume de derivados no mercado interno da Petrobras somou 1,886 milhão de barris ao dia, queda de 5,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O executivo atribuiu ao aumento de tributos a alta nos preços dos derivados mensuradas nos últimos meses no mercado interno.
MENORES DÍVIDAS
Entre julho e setembro, a Petrobras também apontou redução do seu endividamento, o maior para uma petroleira no mundo, e apresentou seu décimo trimestre consecutivo de fluxo de caixa livre positivo, com R$ 14,7 bilhões, no terceiro trimestre.
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A dívida líquida da empresa somou R$ 279,237 milhões ao final do terceiro trimestre, ante R$ 314,120 milhões no fim de 2016.
Com isso, o índice da dívida líquida sobre Ebitda ajustado caiu para 3,16 vezes, ante 3,54 no fim do ano passado e 3,93 vezes no terceiro trimestre de 2016.
Entre o final do ano passado e o terceiro trimestre deste ano, a alavancagem reduziu de 55% para 51%.
Monteiro destacou a gestão da dívida da empresa, que buscou um alongamento e possibilitou o aumento do prazo médio do vencimento de 7,46 anos, no fim de 2016, para 8,36 anos, no fim do terceiro trimestre.
Monteiro reiterou que, para lidar com a grande dívida, a Petrobras mantém a meta de levantar US$ 21 bilhões no biênio 2017-2018, com venda de ativos e atração de parcerias.
Dos US$ 13,6 bilhões de desinvestimentos no biênio anterior 2015-2016, US$ 7,8 bilhões já entraram no caixa da empresa, segundo o diretor.
REDUÇÃO DE CAPEX
Para o ano, a empresa reduziu nesta segunda-feira em 6% a previsão de investimentos, para US$ 16 bilhões, sem impactos na meta de produção de petróleo no Brasil, de 2,07 milhões de barris.
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Dentre os motivos, estão a postergação de alguns projetos, redução de tarifas de embarcações de apoio e maior eficiência das atividades de revitalização de plataformas.
Os projetos a serem postergados são atividades de construção de plataformas de produção de petróleo, do Gasoduto Rota 3 (que vai escoar a produção do pré-sal para o Comperj) e ajustes no cronograma de Tartaruga Verde.
Em 2018, o diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, Roberto Moro, prevê a contratação de três novas plataformas: Búzios, Marlim e Parque das Baleias.