A empresa de alimentos JBS mantém como prioridade os planos de listar em bolsa de Nova York a sua subsidiária norte-americana, como parte do planejamento para reduzir seu custo de capital, disse nesta quinta-feira (7) um executivo do grupo. “O IPO ainda é prioridade, não tiramos do radar”, disse sem dar prazos o executivo chefe de operações da JBS, Gilberto Tomazoni, durante apresentação a analistas e investidores, nas sede da companhia.
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Em outubro, a JBS cancelou a oferta inicial de ações (IPO) nos Estados Unidos de sua subsidiária JBS Foods International BV, na esteira dos desdobramentos da revelação de um esquema de corrupção envolvendo executivos do grupo e pagamento de propina a políticos, que implicou o presidente Michel Temer. Uma das consequências foi a prisão dos controladores da empresa, os irmãos Wesley e Joesley Batista, sob acusação de uso indevido de informações privilegiadas em transações com ações e dólares no mercado financeiro.
Para Tomazoni, o custo de capital da empresa ainda não reflete sua estrutura global geograficamente diversificada. “Hoje, só 24% dos nossos negócios estão no Brasil”, argumentou. Segundo ele, o processo recente de desalavancagem financeira do conglomerado deve continuar nos próximos trimestres, fruto da geração de caixa e dos recursos de vendas de ativos. A J&F, controladora da JBS, se desfez de ativos como Eldorado Celulose e Alpargatas. A relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do grupo caiu de 4,16 vezes no segundo trimestre para 3,42 vezes no terceiro trimestre.
As negociações para venda da JBS Five Rivers Cattle Feeding LLC, último dos grandes ativos da JBS que devem ser alienado, estão perto de serem concluídas, disse Tomazoni. Para o executivo, o ambiente operacional favorável, com recuperação da economia brasileira e de preços nos mercados internacionais, tende a favorecer a geração de caixa da companhia.
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No Brasil, a divisão de aves e alimentos processados Seara está elevando o preço médio, com a venda maior de produtos mais caros. A empresa também tem ampliado volumes e exportações para destinos como o Oriente Médio, diante de um cenário mais propício para recuperação de margens, disse ele.
PAGAMENTO DE FORNECEDORES
Na divisão de bovinos, a JBS ainda não recuperou totalmente o nível das operações que tinha no começo do ano no Brasil, quando o ritmo foi afetado pela deflagração da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que apurou um esquema de propina envolvendo funcionários da vigilância sanitária. “Estamos recuperando market share”, disse Tomazoni, sem dar mais detalhes. “Não fechamos nenhuma fábrica neste ano, nem no Brasil nem no exterior, e acho que vamos normalizar o ritmo operacional em 2018.”
No início do ano, o mercado estimava a compra pela JBS de 30 mil cabeças de gado por dia para abate. Pelas estimativas mais recentes, esse número está em cerca de 26 mil cabeças.
A empresa segue praticando a política de pagar os fornecedores de gado em 30 dias, afirmou Tomazoni, explicando que a companhia tem buscado o mercado financeiro para conseguir reduzir esse prazo em casos pontuais para pagamento até à vista.