É cada vez mais comum ouvir histórias de pessoas que tentam comprar ingressos para um show ou um evento esportivo, mas os descobrem esgotados poucos minutos após serem colocados à venda. Em seguida, os mesmos ingressos aparecem em outros sites por um valor muito maior que o inicial. A novidade, nesta temporada de Festas, é que o mesmo tem acontecido com consumidores no que diz respeito a itens de presente que estão na moda, especialmente, brinquedos.
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Bots de compras invadiram a internet. Eles adquirem brinquedos pelo valor inicial e, logo depois, anunciam a mesma mercadoria por preços inflacionados. Alguns itens, como os populares macaquinhos Fingerlings, vendidos nos Estados Unidos por cerca de US$ 14,99, chegam a custar até US$ 1 mil. Já o Super Nintendo NES Classic Edition, vendido originalmente por US$ 79,99 nos EUA, chega a custar até US$ 13 mil.
No início do mês, o senador Charles Schumer pediu ajuda à Federação Nacional do Varejo e à Associação Nacional de Líderes do Varejo para parar os robôs em suas plataformas. Schumer e Chuck Bell, diretor de programas da Consumers Union, parte da ONG especializada em avaliação de produtos Consumer Reports, escreveram uma carta para os grupos na esperança de que os varejistas ajudem a interromper a prática, agora conduzida pelo crescimento do mercado de varejo online.
Alibaba, Amazon e Walmart (e sua sucursal na China, a JD.com) hospedam outros varejistas, marcas e vendedores individuais de todos os tipos em seus sites. É uma maneira de os varejistas expandirem seu inventário de produtos: o Walmart se gaba, por exemplo, de sua variedade de produtos ter aumentado; já a Amazon conseguiu chegar muito mais perto de seu objetivo de se tornar “a loja de tudo” graças a isso.
Se as grandes lojas beneficiam marcas e varejistas menores ao hospedar seus produtos em suas vitrines online, processando transações e, em alguns casos, conduzindo o cumprimento das entregas, isso não é um benefício tão grande para os consumidores como pode parecer.
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Os robôs podem superar os consumidores em diversas maneiras, como explicado pela “Consumer Reports”: “Enquanto os consumidores devem escolher seu tamanho, forma de entrega e detalhes de pagamento manualmente, os bots podem preencher automaticamente essas páginas em frações de segundo, o que permite que eles adquiram itens com alta demanda muito mais facilmente. Como resultado, os consumidores comuns simplesmente não podem competir com a velocidade dos robôs, o que força muitos a adquirir esses itens populares em sites de revenda secundários, com preços muito acima do original de varejo”.
Os varejistas contam com esse mercado para fazer com que as vendas online aumentem. Schumer e outros estão certos em chamar atenção para isso, e grupos de advocacia do consumidor deveriam soar o alarme. A escassez de produtos aumenta o seu valor, e essa situação é quase inteiramente criada, e executada, por bots.
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