Depois da aprovação do plano de recuperação judicial, a Oi está preparada para ser comprada por qualquer empresa que tenha interesse em se associar à operadora de telefonia brasileira, afirmou o presidente da operadora, Eurico Teles nesta quarta-feira (20).
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O executivo relatou que nos últimos meses algumas empresas sondaram a Oi e acessaram os dados e informações da operadora. Entre as potenciais interessadas estariam empresas chinesas do ramo de telefonia, como a China Telecom Corp e a China Mobile Ltd. “A companhia está pronta para qualquer um que queira comprá-la”, disse Teles a jornalistas, depois da aprovação do plano de recuperação em assembleia de credores nesta madrugada.
O executivo destacou as vantagens competitivas da empresa, como capilaridade nacional, atuação em grandes eventos e transmissão de dados eleitorais, que podem ajudar a atrair parceiros e compradores. “Nesse momento não tem negociação em curso; recebemos alguns investidores internacionais e não se chegou a qualquer conclusão. O banco de desenvolvimento da China está disposto a aportar recursos na companhia”, declarou Teles. “Já recebemos na companhia a China Telecom, mas não tem proposta firme.”
A aprovação do plano de recuperação judicial da companhia ocorreu na madrugada dessa quarta-feira pela maioria dos credores, em uma assembleia que durou cerca de 15 horas e teve várias interrupções.
O resultado foi comemorado com entusiasmo pelo presidente da Oi, que se emocionou com a aprovação, depois da assembleia ter sido adiada por cinco vezes, de mudanças no comando da empresa e disputas judiciais. “A Oi com o plano é uma outra empresa, com outro gás ,energia e visão. Acho que foi um dia de emoção”, disse.
Teles afirmou que pretende permanecer por mais um ano à frente da companhia para a comandar a transição para as mudanças previstas no plano de recuperação judicial.
A aprovação do plano, no maior processo de recuperação judicial da história da América Latina, encerrou uma saga de 18 meses marcada por idas e vindas entre acionistas interessados em manter controle sobre a maior parte possível da operadora e credores que acabaram reduzindo sua oferta de conversão das dívidas de 85% para 75% do capital da companhia.
Entre os principais acionistas da Oi estão o grupo português Pharol, oriundo da fracassada fusão da companhia com a Portugal Telecom e detentor de 27,5% das ações ordinárias da operadora.
Outro acionista relevante é o fundo Société Mondiale, do empresário Nelson Tanure, que montou posição de 6,5% dos papéis ordinários da Oi no ano passado. O fundo apresentou uma série de questionamentos à Justiça contrários ao plano de recuperação da operadora, alegando que a proposta tem ilegalidades e não garante a sustentabilidade financeira da Oi.
Atualmente, além de atuar em 5 mil cidades do país, a Oi responde por cerca de 30% dos serviços de telecomunicações utilizados pelo governo federal, que incluem desde comunicação com a base brasileira de Comandante Ferraz, na Antártida, à transmissão de dados das eleições.
A Anatel, depois de um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), votou contra a aprovação do plano da Oi, que acumula dívidas com entidades públicas de mais de R$ 14 bilhões. O plano aprovado prevê prazo de 20 anos para a Oi quitar sua dívida com o governo, além de descontos sobre multas e juros.
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“Nossa relação com a Anatel não azedou. O litígio continua na Justiça”, disse Teles.
O executivo não espera que o plano aprovado nessa madrugada seja questionado na Justiça por partes insatisfeitas, algo comum em outros programas de recuperação de empresas brasileiras. “Nosso plano, diferentemente de outros, foi aprovado com ampla maioria, com quase unanimidade. Quem votou contra praticamente foi Anatel e AGU. O plano é bom e isso mostra que passamos confiança aos credores”, analisou. “Quem for questionar na Justiça não vai ter legitimidade.”
O plano deve ser protocolado nos próximos dias na Justiça do Rio de Janeiro, onde corre o processo de recuperação judicial. Em seguida, terá início uma série de procedimentos nos órgãos reguladores, como Anatel, Conselho Administrativo de Defesa Econômica e Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O processo de capitalização da empresa de R$ 4 bilhões está previsto no plano, e o executivo aposta que ele poderá ser realizado antes do prazo previsto de 2019.
“O plano está tão bem feito e tão bem ajustado que, acredito, será homologado rapidamente e, logo, será feita conversão da dívida em ações e em seguida o aumento de capital. Já temos os R$ 4 bilhões firmes, assinado por todos, inclusive pelo Aurelius que vinha litigando com a gente”, disse o presidente, em referência ao grupo norte-americano detentor de títulos da Oi.