Ao deixar o Sequoia Capital – fundo norte-americano de venture capital – no fim de 2012, o colombiano David Vélez não imaginava o sucesso que conquistaria cinco anos depois, graças à criação de sua própria startup. “A nossa meta era ter um milhão de clientes em cinco anos. Conseguimos alcançá-la em dois anos”, conta Vélez sobre a fintech de cartão de crédito Nubank, que atualmente tem mais de três milhões de clientes. Além do colombiano – que é o CEO da operação -, a fundação do Nubank contou também com a participação do norte-americano Edward Wible e da brasileira Cristina Junqueira.
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“Foi muito melhor do que imaginávamos – e em meio a um cenário pior do que aquele que havíamos projetado”, diz o executivo sobre o sucesso do Nubank ao conceder cartão de crédito durante a maior recessão econômica brasileira em 80 anos. A conquista inicial, entretanto, não permite acomodações. “Estamos no primeiro minuto do primeiro tempo”, exemplifica ele com uma metáfora futebolística.
Durante a conversa com FORBES, na sede da startup em São Paulo, em novembro, Vélez abordou a estratégia que levou o Nubank a se tornar uma das marcas mais queridas do mercado brasileiro. “A nossa meta sempre foi oferecer uma alternativa aos serviços financeiros tradicionais.” Depois de estudar o setor, a opção escolhida para entrar no mercado foi o cartão de crédito devido à facilidade de difundir a marca e conquistar a confiança do consumidor. Uma vez que esses objetivos foram atingidos, chegou a vez de lançar o serviço de conta corrente, em outubro do ano passado.
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Vélez também avalia o potencial das fintechs de transformar os mercados bancários e financeiros dos países emergentes. Nos mercados desenvolvidos, o setor tem ampla concorrência e spreads baixos e eficientes, o que leva as empresas a margens de lucro muito baixas. “Este cenário exige a reinvenção dos bancos a todo momento: melhoria da interface digital, da relação com o consumidor etc.”, explica.
Já nos mercados emergentes, o mercado é oligopolizado, com a dominação de quatro ou cinco bancos. E, normalmente, onde há oligopólios, há também atendimento ruim, falta concorrência e a margem de lucro é elevada. “Este é o cenário ideal para a atuação das fintechs”, afirma Vélez ao apontar o potencial de transformação das pequenas empresas tecnológicas do mercado financeiro.
Por fim, o empreendedor dá dicas aos empreendedores que têm planos de abrir uma startup, mas não sabem como começar. Veja, abaixo, as cinco dicas apresentadas por ele:
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iStock 1. Visão
Vélez é enfático ao afirmar que o empreendedor precisa ter um horizonte sobre o que pretende com a startup. “Não é ruim se for uma visão de curto prazo”, explica ele, apontando a necessidade de tomar uma decisão. O prazo do projeto estabelecido – seja ele de três ou de 10 anos -, vai afetar as decisões subsequentes. Além disso, Vélez recomenda criar as bases da empresa, logo nos primeiros anos, em setores como o financeiro, o tecnológico e, principalmente, o de recursos humanos – neste caso, porque há pessoas com quem vai se trabalhar durante vários anos.
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iStock 2. Cultura
“A cultura de uma empresa é definida pelas 12 primeiras pessoas e nos primeiros três meses de vida”, diz ele sobre uma parte que considera importante ser estabelecida logo de cara. Na avaliação de Vélez, deixar para depois a definição de propósito, valores, normas e o perfil das pessoas a serem contratadas não é uma boa estratégia. Consolidar a cultura da empresa o mais cedo possível – e de forma clara – atrai pessoas com valores semelhantes.
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iStock 3. Equipe de alta performance
Vélez diz que os momentos de crescimento exponencial de uma startup exigem uma equipe qualificada e com alta capacidade de execução, pois esse é um período difícil – além da necessidade de contratar dezenas de funcionários em poucos dias. E não é preciso saber apenas contratar – é preciso saber também dispensar colaboradores – de maneira ágil durante o período de crescimento da startup. “A empresa não é para todo mundo”, explica o empreendedor. “Senão ela não funciona”, diz.
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iStock 4. Propósito
Ter um propósito faz toda a diferença, e não pode ser apenas ganhar muito dinheiro com a startup. Na visão de Vélez, o retorno financeiro não é a única prioridade dos millennials, por isso a empresa precisa estabelecer seu propósito, de preferência social, para atrair jovens talentos. “Não é só reter bons profissionais, é preciso ter uma missão”, diz ao falar da motivação do funcionário de ir trabalhar com a missão de, por exemplo, mudar o país.
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iStock 5. Gosto por oportunidades difíceis
O empreendedor que faz algo difícil tem confiança na sua capacidade de execução. “Consegue fazer o que ninguém faz”, afirma o executivo. Caso o empreendedor opte por um caminho fácil, significa que ele escolheu algo que provavelmente todo mundo consegue fazer. A execução de algo complexo é capaz de dificultar a concorrência. “É ótimo fazer algo difícil”, diz Vélez sobre a experiência no Nubank, lembrando que, no início, as pessoas diziam que ele não conseguiria sucesso com cartão de crédito devido ao elevado nível de fraudes no setor.
1. Visão
Vélez é enfático ao afirmar que o empreendedor precisa ter um horizonte sobre o que pretende com a startup. “Não é ruim se for uma visão de curto prazo”, explica ele, apontando a necessidade de tomar uma decisão. O prazo do projeto estabelecido – seja ele de três ou de 10 anos -, vai afetar as decisões subsequentes. Além disso, Vélez recomenda criar as bases da empresa, logo nos primeiros anos, em setores como o financeiro, o tecnológico e, principalmente, o de recursos humanos – neste caso, porque há pessoas com quem vai se trabalhar durante vários anos.