O grupo de private equity Blackstone fez uma ousada aposta no setor de informações financeiras de Wall Street ontem (30) com a compra de participação majoritária na divisão Financial and Risk da Thomson Reuters.
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O acordo, anunciado pelas empresas em comunicado, é a maior aposta da Blackstone desde a crise financeira internacional. O cofundador Stephen Schwarzman enfrentará o companheiro bilionário e o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, cujos terminais homônimos são o líder do mercado no fornecimento de notícias, dados e análises a operadores de mercado, executivos e investidores.
O negócio envolve a compra pela Blackstone de uma fatia de 55% da divisão F&R. A Thomson Reuters manterá participação de 45% e receberá aproximadamente US$ 17 bilhões, incluindo cerca de US$ 3 bilhões em dinheiro e US$ 14 bilhões em títulos e ações preferenciais emitidas pelo novo negócio, disseram as empresas.
O Conselho de Investimento do Plano de Pensões do Canadá e o fundo GIC de Cingapura investirão junto com a Blackstone, mas a declaração das companhias não especificou o tamanho de suas participações. O fundo de pensão canadense não quis comentar. O GIC não pode ser imediatamente alcançado.
A nova parceria será gerida por um conselho de 10 pessoas composto por cinco representantes da Blackstone e quatro da Thomson Reuters. O presidente do negócio servirá como membro sem direito a voto do conselho depois do encerramento da transação. As empresas não disseram quem seria essa pessoa.
As conversas para venda do negócio para a Blackstone começaram em meados do ano passado, disseram duas fontes familiarizadas com as negociações.
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O maior ponto de discussão durante as negociações foi o que a parceria significaria para a Reuters News, agência de notícias internacional que fornece conteúdo para o terminal Thomson Reuters Eikon, disseram duas fontes, que falaram sob anonimato.
Segundo as empresas, a Thomson Reuters e a Thomson Reuters Founders Share, que supervisiona a independência editorial da Reuters desde que a empresa foi listada em bolsa pela primeira vez na década de 1980, concordaram em “modificações consequentes” nos Trust Principles, conjunto de princípios que orientam a atuação da divisão de notícias.
Uma fonte a par do assunto disse que não haveria nenhuma mudança no compromisso da Reuters News com a “independência”, “livre de preconceitos” e com o fornecimento de “notícias confiáveis” de acordo com os Trust Principles.
Kim Williams, presidente da Thomson Reuters Founders Share Company, não estava disponível para comentar o assunto.
Pelos termos do acordo, a Reuters News seguirá parte da Thomson Reuters, juntamente com as divisões Legal and Tax and Accounting.
A nova empresa F&R efetuará pagamentos anuais mínimos de US$ 325 milhões para a Reuters para garantir o acesso ao seu serviço de notícias, montante equivalente a quase US$ 10 bilhões. A diretora financeira da Thomson Reuters, Stephane Bello, disse em teleconferência com investidores que o pagamento representa o que a F&R costumava alocar para a Reuters News.
A Reuters também obtém receita vendendo notícias para emissoras de televisão, sites, jornais e outras organizações de mídia em todo o mundo. Em 2016, a Reuters registrou receita de US$ 304 milhões em seu negócio de mídia.
A Thomson Reuters espera que a transação seja concluída no segundo semestre deste ano.
A Thomson Reuters disse que usará a maior parte dos US$ 17 bilhões da transação, entre US$ 9 bilhões e US$ 11 bilhões, para recomprar ações em uma oferta para todos os acionistas no fim da transação. A companhia informou ainda que usará os recursos para pagar dívidas e investir na divisão Legal and Tax and Accounting e fazer aquisições seletivas.
A Woodbridge, veículo de investimento da família canadense Thomson, e o principal acionista da Thomson Reuters, vai participar da oferta. A Woodbridge pretende manter sua participação de 50% a 60% na Thomson Reuters, segundo o comunicado.