Mike Macrie, o CIO (Chief Information Officer) da empresa de agronegócio Land O’Lakes, cresceu como um fã dos Philadelphia Eagles, que venceu os New England Patriots na 52ª edição o Super Bowl, no mês passado. Em conversa com FORBES, ele disse que algumas pessoas atribuíram o sucesso dos Eagles à análise de dados – o mesmo que foi dito sobre o time campeão de basquete Golden State Warriors.
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Macrie é um ex-meio de campo da Universidade Cornell e um viciado em esportes, como ele mesmo admite. Ao falar sobre o assunto, é impossível ignorar a fonte da revolução provocada pela análise de dados nos esportes, que pode ser encontrada no perfil do ex-jogador de beisebol e dirigente Billy Beane e da equipe Oakland Athletics escrito por Michael Lewis em seu livro “Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game” (sem edição em português).
Uma pergunta que precisa ser feita é se, no fim, foi vantajoso para Billy Beane aparecer nesse livro. Certamente, seu legado como pioneiro na utilização de análise de dados no esporte está gravado em pedra, e Brad Pitt o representou em um filme baseado no livro. Isso não é ruim, porém os Athletics ainda têm de vencer um campeonato sob o comando de Beane.
O livro foi publicado em junho de 2003 e, nessa temporada, assim como nas três temporadas anteriores, o time chegou aos playoffs, com uma média de 98 vitórias nesse intervalo. Das 11 temporadas entre 2007 e a última, no entanto, apenas em três eles foram campeões. Parte do motivo da reviravolta é que a maioria dos times de beisebol – e, na verdade, a maioria das equipes esportivas – imitou o que funcionou bem para os Athletics. O livro forneceu insights do papel central que Paul DePodesta, um estatístico formado em Harvard, teve na construção dos modelos que transformaram o time de baixo orçamento em uma equipe vencedora. Agora, a maioria dos times esportivos têm estatísticos ou analistas de dados. Um ano depois do lançamento do livro, DePodesta foi nomeado diretor geral dos Los Angeles Dodgers.
O que funcionou bem para um pequeno time se espalhou para todas as demais equipes rapidamente. Mas por que há tanta disparidade nas capacidades de análise de dados dos grandes negócios? Por que alguns avançam em suas práticas, enquanto outros permanecem no primeiro ou segundo degraus da escada para melhoria de performance?
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Organizações originalmente digitais, como Amazon, Google, Facebook e Netflix, têm analistas de dados extraordinariamente poderosos que estão no coração de seu poder e influência. Algumas empresas que migraram para o digital, como a Land O’ Lakes, foram bem-sucedidas ao cruzar o abismo para imitar a mágica daquelas que nasceram direto na internet. No entanto, muitas ainda precisam fazer isso.
Uma das razões pelas quais times esportivos podem fazer isso tão rapidamente é que eles são todos negócios de tamanho médio, sendo que a maioria tem receita de nove dígitos. Suas operações de negócios são pequenas e ágeis. Macrie defende a hipótese que os times esportivos têm melhores dados para comprovar o sucesso ou fracasso dos métodos porque possuem apenas 30 concorrentes diretos e há um único vencedor por ano. “Com tanta clareza, há muito mais incentivo para que boas ideias se espalhem”, diz.
Há algumas coisas que as empresas podem fazer para imitar o sucesso dos campeões esportivos. É necessário modernizar as práticas dos recursos humanos, os processos e as tecnologias da empresa. Essas podem ser jornadas de muitos anos para vários executivos, pois envolvem conjuntos de atividades longos e complexos.
Veja, na galeria de fotos, 7 práticas de campeões do esporte para aplicar nos negócios:
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iStock 1. Incorpore a agilidade do aprendizado em sua cultura, para que o seu time de recrutamento esteja disposto a permanecer sempre atento às novas práticas e tecnologias.
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iStock 2. A agilidade deve ser implementada também no que diz respeito aos processos. Isso favorece uma melhor experimentação, iniciativa primordial para a inovação.
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iStock 3. Ainda sobre os processos, é preciso implementar uma arquitetura empresarial para documentar como e em que tecnologia os dados circulam. Isso ajuda a simplificar o cenário tecnológico e melhorar a utilização das informações.
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iStock 4. A empresa deve perseguir uma arquitetura que priorize a nuvem para viabilizar o custo de estrutura de TI e, também, aprimorar a flexibilidade da tecnologia.
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iStock 5. É importante alavancar os microsserviços (método específico de desenvolvimento de software). Eles garantem que mudanças em qualquer tecnologia minimizem o impacto na arquitetura como um todo.
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iStock 6. Compare-se não apenas à concorrência direta, mas também aos “campeões” do negócio. Você pode não concorrer com Amazon, Google, Facebook ou Netflix, mas todos os seus clientes utilizam os produtos e serviços desses negócios. O resíduo dessa experiência influencia as suas impressões sobre todas as outras experiências, mesmo com conjuntos muito diferentes de produtos ou serviços. Trabalhe com seu time para identificar o que torna a experiência dos clientes especial ao trabalhar com cada uma dessas empresas e traduza isso para o seu ambiente.
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iStock 7. Garanta que você esteja estabelecendo práticas de análise de dados que sejam a chave do sucesso dos campeões esportivos. Isso envolve contratar e treinar para essas habilidades. Como elas estão com baixa oferta e alta demanda, isso também significa desenvolver um ecossistema de parceiros que podem ajudar a entregar o que você precisa. Os passos anteriores ajudarão a garantir que os dados que são retirados desse processo circulem eficientemente e sejam processados de forma que gerem vantagem para o negócio.
Apenas para responder à pergunta feita no início, foi positivo para Billy Beane ter sua história contada, principalmente pelos ganhos financeiros e de reputação conquistados. Porém, se ele tivesse tido mais alguns anos para operar com suas práticas sem tê-las divulgadas, talvez os Athletics tivessem vencido um campeonato. Agora, todos os campeões esportivos devem agradecer aos Athletics e a Michael Lewis. Mais do que passivamente admirar a performance de campeões do esporte, comece a imitá-los.
1. Incorpore a agilidade do aprendizado em sua cultura, para que o seu time de recrutamento esteja disposto a permanecer sempre atento às novas práticas e tecnologias.
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