O presidente-executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, disse ontem (8) que a fabricante norte-americana de aviões pode absorver transações na escala de um acordo proposto com a brasileira Embraer sem colocar em risco investimentos internos em seu negócio ou a remuneração aos acionistas.
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Muilenburg, que também é presidente do conselho de administração da empresa, disse ainda em entrevista à Reuters que a Boeing está “progredindo” nas conversas com a Embraer. A empresa continua estudando algumas estruturas possíveis para o acordo, que, segundo alguns analistas, pode avaliar a Embraer entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões.
“Aquisições da escala da Embraer não são apenas factíveis para nós, elas também são coisas que nós podemos seletivamente fazer, alinhadas à nossa estratégia [de alocação de caixa]”, disse Muilenburg. “Nós temos muito poder de caixa para fazer todas as três coisas: investir de forma orgânica, remunerar os acionistas e então fazer essas aquisições pretendidas”, acrescentou.
A Boeing tem como alvo para este ano fluxo de caixa operacional de US$ 15 bilhões e gasto combinado de pesquisa e desenvolvimento de US$ 5,9 bilhões. A empresa prometeu retornar 100% do fluxo de caixa livre aos acionistas.
O presidente do Brasil, Michel Temer, está avaliando uma proposta para a criação de uma empresa conjunta na área de aviação comercial entre Boeing e Embraer, informou a presidência na semana passada, depois que o governo se opôs a uma aquisição mais ampla da brasileira, que também fabrica aviões militares.
“Nós ainda não terminamos; ainda tem trabalho a ser feito. Mas estamos progredindo, então tenho esperança de que possamos concluir isso”, disse Muilenburg, reiterando que o acordo não é essencial para a Boeing. “Nós continuamos a avaliar todas as partes da empresa e diferentes estruturas potenciais, que variam de apoio a total propriedade”, disse ele.
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As ações da Boeing fecharam na véspera em alta de 0,5%, a US$ 348,73. Já os papéis da Embraer na bolsa brasileira caíram 3,2%, a R$ 20,75.
Questionado se tais acordos envolvendo outros países estavam mais difíceis com o aumento do sentimento protecionista, Muilenburg disse que a Boeing não desistirá da expansão global que, se feita estrategicamente, aumentará os empregos dentro e fora dos Estados Unidos.
Muilenburg disse que a Boeing não decidiu se vai recorrer após perder um caso de dumping contra a canadense Bombardier, mas disse que vai processar novamente se for provocada a isso.
O executivo disse que a Boeing não tem pressa para decidir se lançará um novo avião médio de mercado, que poderia entrar em serviço em 2024 ou 2025. “É uma decisão sobre a qual nós provavelmente avançaremos ao longo do próximo ano aproximadamente”, disse.