O empresário russo Andrey Andreev é a versão mais próxima de um cupido moderno, mas, em vez de atirar flechas nos alvos, ele está fornecendo ferramentas de geolocalização e um software de reconhecimento facial.
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Andreev ajudou a construir cinco aplicativos de namoro bem-sucedidos, incluindo o Badoo, o maior do mundo, com 380 milhões de usuários. Seus desenvolvedores construíram e gerenciam a infraestrutura do Chappy, app de relacionamento para homens gays, e do Huggle, app que combina pessoas com base nos locais que frequentam – em troca de uma parte dos lucros dessas plataformas. O bilionário também tem uma participação de 79% no Bumble, o aplicativo de maior crescimento atualmente nos Estados Unidos, que coloca o namoro nas mãos das mulheres, já que apenas elas podem fazer o primeiro contato.
Tudo isso foi suficiente para render a Andreev, de 44 anos, um lugar entre os mais ricos do mundo pela primeira vez. FORBES estima que a fortuna do empresário seja equivalente a US$ 1,5 bilhão.
Para alguém que construiu sua carreira em torno de interações e conexões, Andreev foi discreto por muitos anos e raramente apareceu na mídia. FORBES Rússia o batizou de “o empresário mais misterioso do Ocidente”, mas ele refuta essa descrição. “Para um russo, conseguir algo fora da Rússia é uma grande conquista”, diz a FORBES, durante uma ligação de Londres, onde mora e trabalha. “É por isso que eles me chamaram de misterioso. Não sou misterioso. Moro em Londres e as pessoas me vêem todos os dias – não há nenhum mistério nisso.”
Andreev teve uma grande jornada desde Moscou, onde nasceu. Seu nome real é Andrey Ogandzhantyants e seus pais são cientistas. Ele substituiu o sobrenome pelo usado por sua mãe quando solteira, mais fácil de soletrar e pronunciar. “Minha paixão por tecnologia existe desde sempre”, diz. “Meu pai estava envolvido no ramo, no nosso apartamento em Moscou eu tinha milhões de brinquedos a minha volta.”
Aluno da Universidade de Moscou por um curto período antes de abandonar o curso em 1992, aos 18 anos, para se mudar para a Espanha, Andreev queria viajar o mundo. Pegou um empréstimo com os pais para financiar as viagens pela Europa antes de abrir a Virus, uma loja online que vendia computadores e acessórios para usuários de internet na Rússia, em 1995. A empresa foi vendida por algumas “centenas de milhares de dólares” em 1997, o suficiente para reembolsar a família.
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Em 1999, Andreev fundou a SpyLog, uma ferramenta de software capaz de rastrear os visitantes nos sites. “É o avô do Google Analytics”, orgulha-se, sem qualquer insinuação de que o Google o tenha copiado, mas com uma leve desconfiança de que tenha usado sua criação como fonte de inspiração. Larry Page e Sergey Brin fundaram o Google em setembro de 1998 e o Google Analytics surgiu em 2005. O empresário deixou seu cargo na SpyLog em dezembro de 2001 por um valor não divulgado.
Um ano depois, em 2002, Andreev construiu a companhia de anúncios contextuais Begun. A Finam Holdings, uma empresa russa de investimentos, detinha a maior parte das ações da Begun em 2008, quando o Google expressou interesse em adquiri-la. “Nós quase fechamos o acordo por US$ 140 milhões, mas, infelizmente, ele nunca aconteceu”, lembra o atual bilionário. Na época, foi dito que a agência reguladora russa havia impedido o acordo. “Nós tivemos um problema”, ele começa, mas para de falar. “Tanto faz, você vai encontrar algo no noticiário. É uma longa história, mas tem um pouco a ver com política.” A companhia ainda existe, mas Andreev saiu em janeiro de 2004 e não mantém nenhum envolvimento com ela.
Faz uma década desde que o empreendedor visitou Moscou pela última vez. O pai faleceu e mãe vive, atualmente, em Paris. O executivo se tornou um cidadão britânico “em 2008 ou 2009”, mas preferiu não comentar se abandonou a cidadania russa.
O aplicativo Badoo foi fundado em 2006, na Espanha, mas lançado em 2009 (quase três anos antes do Tinder), e hoje sua operação está localizada em Londres, com um escritório em Moscou. Os 300 desenvolvedores, dos quais 80 são mulheres, que gerenciam o Badoo também trabalham para o Huggle, Chappy e Bumble. “Nós construímos esses aplicativos juntos”, diz Andreev. “Existe um milhão de apps diferentes e é difícil ser bem-sucedido. Mas no caso do Bumble, Huggle e Chappy, não há preocupação com dinheiro ou desenvolvedores. Nós temos isso. Podemos construir protótipos e projetar tudo juntos. Precisamos apenas da ideia, direção, visão e uma pessoa forte para defender o projeto e torná-lo gigante.”
No caso do Bumble, essa pessoa é a fundadora, Whitney Wolfe, que participou também da fundação e foi executiva de marketing do Tinder. Whitney processou seu ex-chefe e ex-namorado Justin Mateen por assédio sexual em junho de 2014. Andreev, que tinha conhecido Whitney enquanto ela estava no Tinder, convenceu-a a trabalhar com ele em seu próximo projeto. “Eu disse a ela: ‘Você tem um grande potencial e eu tenho a melhor infraestrutura’”, lembra. “Vamos fazer algo.”
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Esse “algo” começou em agosto de 2014 em uma ilha grega. “Nós fomos para Mykonos com alguns dos designers originais do Tinder”, contou o empresário. Por que Mykonos? “Não sei, apenas decidimos ir a algum lugar para não haver distração com celulares e outras coisas. Achamos que seria um um local bom para conseguir inspiração.” Três meses depois, o Bumble foi criado.
“Obrigada por arriscar comigo quando ninguém mais o faria”, escreveu Whitney em uma mensagem de aniversário para Andreev no Instagram em fevereiro. “Sem você, a jornada do @bumble não teria sido possível.”
Um mês antes da dedicatória, foi noticiado que Andreev estava considerando vender suas ações no Bumble por um valor estimado de US$ 1,2 bilhão. Ele nega as informações.
Valerie Stark, cofundadora e CEO do Huggle, que agora comanda a área de comunicação para Andreev, descreve a contribuição do russo para sua companhia. “Eu desenhei meu projeto em um pedaço de papel, literalmente. Ele o aperfeiçoou e o tornou real”, conta ela. “Houve momentos em que eu discutia e tentava defender minha visão em relação a alguns aspectos, mas, então, ele adicionava alguns ajustes e me mostrava que os resultados seriam muito melhores.”
Ainda assim, o maior negócio de Andreev continua a ser o Badoo, que lançou um recurso de reconhecimento facial no fim do ano passado. A ferramenta permite que os usuários façam o upload de uma imagem de uma pessoa de quem gostam para que o aplicativo encontre outras com aspecto físico similar. “As pessoas adoram isso”, disse ele.
Andreev se recusa a compartilhar os números da receita do Badoo, que é privada, mas disse que o Match Group, empresa norte-americana de capital aberto que opera sites de encontros online, como OkCupid e Tinder, é uma boa comparação. A companhia, que tem valor de mercado de US$ 12,2 bilhões, registrou receita de US$ 1,3 bilhão em 2017. “Somos menores”, disse Andrey. “Mas ainda somos um grande jogador.”
Andreev, que tem uma namorada que conheceu da forma tradicional, não quis falar muito sobre seus próximos aplicativos ou investidas, apenas disse que, não importa o que seja, aumentará a conexão humana. “Pareço um cara voltado a produtos, eu sei, mas o que realmente estamos fazendo é criando ferramentas fortes para facilitar a interação das pessoas”, disse ele. “É tudo sobre conectar pessoas. Sempre foi.”
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