Funcionário da Petrobras eleito para representar os trabalhadores no Conselho de Administração nos próximos dois anos, Christian Queipo defende uma petroleira diversificada, com olhar estratégico voltado para energias renováveis, além da participação direta da empresa no desenvolvimento do país.
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Engenheiro químico, com 42 anos, e funcionário da Petrobras desde 2007, Queipo afirmou em entrevista à Reuters que é preciso garantir a saúde financeira da empresa, mas sem perder de vista o seu papel social.
Ele também disse que deve questionar, de forma responsável, a forma como a atual administração realiza desinvestimentos bilionários para reduzir a maior dívida corporativa do setor.
“Nós temos que nos manter saudáveis para executar o foco no nosso negócio: produzir energia. Mas, ao mesmo tempo, entender que essa energia é o que alavanca todas as outras atividades econômicas do nosso país”, disse Queipo.
O novo conselheiro será empossado após a próxima Assembleia Geral de Acionistas, em abril, juntamente com a eleição ou reeleição de outros nove conselheiros.
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Queipo foi eleito na terça-feira pelos empregados, com o apoio da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), formada com uma proposta de ser apartidária, a partir de uma cisão da FUP, tradicionalmente ligada ao Partido dos Trabalhadores.
No entanto, explicou que nunca ocupou cargos em sindicatos, sendo apenas filiado ao Sindipetro-RJ, da FNP. Ele explicou que a federação o apoiou por acreditar em sua candidatura.
“Como conselheiro você tem responsabilidades e está representando não só um sindicato ou uma federação… está representando os funcionários na tomada de decisão da empresa, seu compromisso é com o bem-estar da empresa”, afirmou.
Com números do balanço da empresa memorizados, assim como fatos históricos da indústria de petróleo, Queipo vem se preparando para disputar o papel de conselheiro há dois anos.
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O funcionário, que é argentino e naturalizado brasileiro, está no Brasil desde 2002 e é diretor-administrativo da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet). Segundo ele, sua principal missão será defender a Petrobras e a sua inserção em um programa de desenvolvimento nacional.
“A boa gestão tem que olhar o principal público de interesse, que são os brasileiros… Nenhum país se desenvolveu exportando o petróleo por multinacionais”, frisou.
Segundo ele, há atualmente uma “uma corrida para leiloar áreas superprodutivas do pré-sal só para fazer caixa para fechar as contas do governo”, o que ele acredita reduzir o papel da Petrobras no país.
Venda de ativos
Queipo afirmou que, ao tomar posse, irá questionar os critérios para a venda de ativos da empresa e atração de parcerias, tema que o funcionário acredita que não está sendo tratado de forma totalmente transparente.
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“Não é uma questão fundamentalista, contra esses desinvestimentos. É lógico que, se tiver um ativo que não nos interessa e a gente consegue usar isso para investir em outros que são do nosso interesse, não vejo problema”, afirmou.
A associação a outros parceiros, segundo Queipo, é interessante quando a empresa quer dividir riscos, o que na sua opinião não ocorre quando a empresa vende, por exemplo, áreas do pré-sal já declaradas comerciais.
Segundo ele, o alto endividamento da empresa, um dos argumentos da estatal para o seu plano de desinvestimentos, existe porque no passado a Petrobras investiu em projetos que estão começando a dar resultados agora.
Ele acredita que um bom trabalho para uma melhora no perfil de dívida da companhia já vem sendo desempenhado.
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Renováveis
Em uma outra frente, o novo conselheiro afirmou que, após ser empossado, irá sugerir revisar o plano de negócios da petroleira de modo a reorientar, de forma responsável, as atividades da companhia como empresa de energia integrada e em transição para uma economia pós-fóssil.
Segundo ele, o atual objetivo da empresa de vender ativos de produção de biocombustíveis contraria a própria a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que incentiva a produção de etanol e biodiesel e estabelece metas anuais de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.
“Uma empresa com foco em óleo e gás vai estar em desvantagens frente às concorrentes, em um momento em que a economia entra em transição para… renováveis”, disse ele, exemplificando que a petroleira Shell, com forte participação no Brasil, tem investimentos na área de renováveis no país.
Segundo ele, entretanto, a retomada da participação tem que ser de forma sustentável do ponto de vista de negócio: “também não adianta repetir erros do passado… nós somos uma empresa que tem compromissos com acionistas”.