Como o investidor mais bem-sucedido e high-profile do mundo, todo movimento de Warren Buffett – o 3º homem mais rico do mundo de acordo com a mais recente lista da FORBES, com patrimônio de US$ 84 bilhões – é cuidadosamente analisado e examinado. Ele ou sua empresa, a Berkshire Hathaway, podem afetar drasticamente o destino de uma empresa quando notícias sobre ele ter comprado ou vendido suas ações são reveladas.
VEJA TAMBÉM: Buffett define grandes objetivos para presidente de sua nova empresa de saúde
O relatório trimestral da Berkshire Hathaway, em que a empresa deve listar seus investimentos, foi preenchido neste mês, e revelou que sua participação na Apple, empresa que já foi evitada pelo avesso à tecnologia Buffett, acabou se tornando um de seus maiores ativos.
A biotecnologia é outra área na qual, historicamente, Buffett demonstrava resistência em investir. Por isso, a maior surpresa do último relatório foi a revelação de uma nova participação na Teva Pharmaceutical, uma empresa de biotecnologia israelense que passou por momentos difíceis recentemente.
A Berkshire comprou 18,9 milhões de ações no último trimestre, o que representa uma participação de 1,9% na empresa, que valia US$ 358 milhões na época. Essa participação agora vale US$ 400 milhões, pois o preço das ações da Teva cresceu desde que a notícia do investimento da Berkshire vazou.
“É muito melhor comprar uma empresa incrível por um preço razoável do que uma empresa razoável por um preço incrível”, já disse o bilionário. “Grandes oportunidades de investimento aparecem quando empresas excelentes estão cercadas de circunstâncias incomuns que fazem com que as ações sejam desvalorizadas.”
LEIA: UNDER 30 de FORBES Brasil terá indicações online
A questão é: seria a Teva seria uma empresa incrível e suas ações estão desvalorizadas por causa de circunstâncias incomuns?
A empresa de biotecnologia carrega uma dívida enorme pela compra da divisão de medicamentos genéricos da Allergan, em 2015, por US$ 40,5 bilhões. Anunciou, recentemente, a demissão de 14 mil funcionários, o que causou um protesto no país todo, suspendendo os dividendos em ações ordinárias e fazendo com que a empresa reportasse uma perda de patrimônio de US$ 11,6 bilhões no último trimestre.
Buffett deve acreditar no futuro a longo prazo da empresa e em seu potencial de recuperação sob a administração do novo CEO Kare Schultz, pois a Teva parece, atualmente, estar enfrentando severas dificuldades financeiras. Esse poderia ser, ainda, o início de muitos outros movimentos correlatos ao anúncio do mês passado de que a Berkshire Hathaway estaria se juntando à Amazon e ao JPMorgan Chase para criar uma maneira de oferecer serviços de saúde particulares aos seus funcionários.
Esse não é o primeiro investimento de Buffett em Israel. Em 2006, a Berkshire adquiriu uma participação de 80% na Iscar, uma empresa de manufatura industrial e a sua primeira aquisição internacional, por US$ 4 bilhões. Em 2013, a empresa de Buffett comprou os 20% restantes da empresa por US$ 2 bilhões (metade do que pagou pela participação original de 80%), e agora é o seu quinto maior investimento fora do segmento de seguros.
E MAIS: Reforma tributária de Trump impulsiona ganhos recordes da Berkshire, de Warren Buffett
Buffett tem sido um defensor dos títulos israelenses e já fez duas apresentações para convencer compradores a investir no país. Segundo o site de investimentos em Israel “Israel Bonds”, o bilionário detém o equivalente a US$ 5 milhões deles em seu próprio portfólio.
Outras empresas israelenses adquiridas pela Berkshire incluem a eVolution Networks, criadora do software de economia de energia de rede sem fio, a Ray-Q Interconnect, distribuidora de componentes eletrônicos, e a AgroLogic, que desenha unidades eletrônicas de controle para a agricultura.
“Eu não sou judeu, mas Israel me lembra os Estados Unidos no início”, disse Buffett em uma entrevista. “A determinação, motivação, inteligência e iniciativa de sua população são notáveis e extraordinárias. Eu tenho muita confiança na economia de Israel.”
O país se tornou um viveiro para a indústria de startups, com o Google adquirindo o app de navegação Waze em 2013 e a Intel gastando US$ 15 bilhões para comprar a fabricante de chips para carros autônomos Mobileye. Buffett não é o único bilionário a investir no país. Carlos Slim, que já foi o homem mais rico do mundo e atualmente ocupa a 7ª posição na lista da FORBES, investiu US$ 60 milhões na Mobil, uma rival do Instagram que, desde então, foi fechada. Mark Cuban é parte de um grupo que investiu na Percepto, uma empresa de drones que “opera frotas desses veículos de voos autônomos e inspeciona grandes moinhos de vento localizados literalmente no meio do nada”, segundo o site “Business Insider”.
LEIA TAMBÉM: “Mercado das criptomoedas não vai acabar bem”, aposta Buffett
Apesar de ser tão admirado, Buffett nem sempre é infalível – as falhas recentes com a IBM e a Wells Fargo são bons exemplos. Dada a sua propensão a comprar e segurar ações para o longo prazo, pode levar muitos anos até que saibamos se a sua grande aposta na Teva terá o mesmo peso que seus outros investimentos.