Executivos do Bradesco defenderam hoje (26) que o banco ainda pode conseguir um crescimento entre 3% e 7% de sua carteira de crédito em 2018, mesmo depois da retração constatada no primeiro trimestre. “Temos muito, muito apetite para crescer nossa carteira”, disse o presidente-executivo, Octavio de Lazari, durante teleconferência com jornalistas.
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Na apresentação de resultados, o Bradesco divulgou que a geração média de novos créditos pelo banco de janeiro a março foi mais de 30% maior do que em igual período de 2017.
Segundo Lazari, essa reversão deve ser liderada por maiores empréstimos para pessoas físicas e para pequenas e médias empresas.
No fim de março, a carteira de crédito expandida do Bradesco atingiu R$ 486,645 bilhões, queda de 3,2% em 12 meses e de 1,3% na base sequencial.
Após um breve repique no fim de 2017, o estoque de crédito do Bradesco voltou a encolher neste começo de ano, retomando tendência que vinha se desenhando há pelo menos dois anos no setor financeiro.
Analistas do setor deram especial destaque à fraqueza do Bradesco nessa linha, em particular porque a instituição teve desempenho inferior à média do mercado.
O Banco Central anunciou nesta manhã que o estoque de crédito com recursos livres fechou março em R$ 1,59 trilhão, um acréscimo de 0,3% em um trimestre e de 3,6% em 12 meses.
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Na terça-feira (24), o Santander Brasil havia anunciado lucro recorde no primeiro trimestre apoiado principalmente na expansão de 9% do estoque de empréstimos em 12 meses.
Analistas do BTG Pactual avaliaram que o lucro do Bradesco foi melhor do que o esperado, mas ponderaram que o crédito continua sendo um ponto negativo do balanço.
Em outra consequência dessa baixa evolução do crédito, a rentabilidade do Bradesco, embora tenha subido a 18,6%, foi pela primeira vez menor do que a do Santander Brasil, cujo índice chegou a 19,1%.
Na teleconferência com jornalistas, o diretor de relações com o mercado do Bradesco, Carlos Firetti, disse que a reversão de tendência do crédito nos próximos trimestres virá à medida que o banco expandir mais intensamente as operações com pessoas físicas e com pequenas e médias empresas.
Atualmente, quase metade do estoque de crédito do Bradesco está ligado a grandes empresas, justamente a que tem exercido a maior pressão sobre a qualidade da carteira, dado que várias delas enfrentam as consequências combinadas da recessão no país e da operação Lava Jato.
Momentaneamente, o Bradesco tem conseguido ser mais eficaz na melhoria da qualidade da carteira, com o índice de inadimplência acima de 90 dias caindo pelo quarto trimestre consecutivo, a 4,4%.
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Com isso, a linha chamada PDD Expandida, que computa perdas com provisões previstas com calotes, incluindo baixa contábil de ativos, menos valores recuperados da cobrança, somou R$ 3,89 bilhões, queda de 26,3% ano a ano.
“A previsão é que alcancemos a parte baixa do guidance de provisões para perdas nessa linha”, disse na teleconferência a diretora de relações com investidores do Bradesco, Denise Pavarina, referindo-se ao intervalo de R$ 16 bilhões a R$ 19 bilhões.
Às 12h25, a ação preferencial do Bradesco negociada na bolsa paulista caía 0,46%, enquanto o Ibovespa avançava 1,12%.