A Delta Energia, que atua em comercialização de eletricidade, acaba de lançar uma gestora de recursos, a Delta Energia Asset Management (DEAM), que espera alcançar em até cinco anos um total de cerca de R$ 5 bilhões sob sua administração, a serem captados por meio de fundos e aplicados em operações no mercado elétrico, disse à Reuters um executivo do grupo.
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A DEAM será presidida por Luiz Fernando Vianna, que deixou o cargo de diretor-geral da hidrelétrica binacional de Itaipu para assumir o comando da empresa, que irá gerir os fundos da Delta com o objetivo de oferecer bons retornos aos investidores por meio de negócios no chamado mercado livre de eletricidade.
Nesse segmento, grandes clientes, como indústrias, podem negociar contratos de energia diretamente com geradores e comercializadoras, ao invés de serem atendidos por empresas de distribuição, enquanto empresas do setor de energia podem realizar operações para apostar em alta ou baixa dos preços, por exemplo.
“O que a gente faz, basicamente, é tratar a energia elétrica como um ativo financeiro. A ideia é aproximar o mercado financeiro do mercado de energia elétrica”, disse hoje (12) Vianna à Reuters.
A DEAM já iniciará as atividades assumindo a gestão do fundo de investimentos CSHG Delta Energia, que captou R$ 1 bilhão em uma primeira emissão de cotas, em agosto do ano passado.
Desses recursos, cerca de R$ 600 milhões já foram integralizados e aportados em operações no mercado de energia para gerar retornos aos investidores que apostaram no negócio.
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“Nos próximos meses a gente quer ter esses recursos totalmente integralizados, até o final do ano, no máximo”, disse Vianna.
Segundo ele, está em avaliação a criação de novos fundos em seguida, eventualmente com características diferentes ou voltados a tipos específicos de clientes, como investidores internacionais. “Não pretendemos parar só com esse fundo. Já estamos avaliando outros fundos, e temos uma perspectiva de ter operações nos próximos cinco anos que cheguem a R$ 5 bilhões”, adiantou o executivo. “O foco de todos esses fundos vai ser a energia elétrica”, adicionou.
Na primeira captação, o alvo da Delta foram investidores pessoa física dispostos a aplicar um mínimo de R$ 1 milhão no fundo.
Os recursos captados são utilizados em operações de compra e venda de eletricidade no mercado livre e em negócios conhecidos como “pré-pagamento” de energia.
Nas operações de pré-pagamento, o fundo compra antecipadamente a produção futura de uma usina de geração, por exemplo, e realiza o pagamento ao vendedor. A energia então fica à disposição de uma comercializadora do grupo, a Beta Energia, que busca gerar resultados com operações no mercado livre de energia. “Nosso diferencial está justamente na ‘expertise’ de negociar contratos de energia. O grupo Delta já está nesse mercado de ‘trading’ há 17 anos”, afirmou Vianna.
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O primeiro fundo da gestora irá reinvestir o capital durante um período de quatro anos, devolvendo o retorno aos investidores no quinto ano, em 2022. As operações focam todas energia de hidrelétricas.
A aposta da Delta vem depois de um forte crescimento do mercado livre de eletricidade nos últimos dois anos e em meio a promessas do governo de uma reforma no setor de energia que deverá ampliar o mercado livre, ao reduzir gradualmente as exigências para que empresas possam atuar no setor.