Marsha Lazareva, uma das mais notáveis executivas do Oriente Médio, prometeu recorrer da condenação por usar indevidamente fundos públicos no Kuwait depois de ser sentenciada a dez anos de trabalhos forçados.
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A empresária russa, mãe de uma criança de 4 anos e vice-presidente do grupo de participações privadas KGL Investment (KGLI), foi julgada em 6 de maio. Ela dirigia a empresa desde 2007 e foi declarada culpada na Cidade do Kuwait por receber ilegalmente dinheiro da autoridade portuária do país. Marsha continua negando a acusação.
A executiva e outro acusado foram juntamente multados em 22 milhões de dinares kuwaitianos (equivalente a US$ 73 milhões) e condenados a devolver fundos no valor de 11 milhões de dinares kuwaitianos (US$ 36 milhões). Além de Marsha, seis réus receberam penas que vão de 10 a 15 anos de prisão.
Em sua única entrevista depois do caso, Marsha disse que provará sua inocência por meio de uma apelação. “Apesar dos inúmeros pedidos de meus advogados, o juiz negou acesso total a todos os documentos acusatórios e vetou também a convocação de todas as minhas testemunhas”, disse ela.
Sobre a queixa e o processo, a empresária diz: “Quando fui acusada, em abril de 2017, interrompi uma viagem de negócios à Europa para voltar imediatamente ao Kuwait e limpar meu nome e reputação. Todos os meus direitos humanos e civis foram completamente violados durante as audiências no tribunal. O juiz fez inúmeros comentários racistas e me expôs como mulher.”
Acusação
O caso de Marsha começou quando um ex-funcionário da KGLI apresentou uma queixa de que ela estava envolvida em espionagem e coleta de informações em nome de um país estrangeiro. A empresária foi acusada em abril de 2017, presa em novembro passado e depois mantida na prisão por sete semanas antes de ser liberada sob fiança de 9 milhões de dinares kuwaitianos (US$ 30 milhões). Em liberdade, ela foi proibida de viajar e tinha uma equipe de agentes do governo para vigiar todos os seus movimentos.
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No entanto, como sua equipe jurídica do escritório de advocacia Brown Rudnick, em Londres, estava se preparando para defendê-la da denúncia por espionagem, essas acusações foram substituídas por uma de desvio de fundos referente ao período entre abril de 2006 e março de 2013. Os advogados de Marsha receberam uma semana para examinar 18.000 páginas de alegações antes de ela enfrentar o juiz Metaeb Al Alredi no domingo, 6 de maio.
Veredicto
Marsha foi considerada culpada por ajudar dois dos outros acusados a roubar 17 milhões de dinares kuwaitianos (US$ 56 milhões) da Autoridade Portuária do Kuwait ao concordar com a transferência para a KGLI de dinheiro que a autoridade havia investido no Fundo Portuário.
Segundo fontes envolvidas no caso, a russa foi até proibida de deixar o tribunal para ir ao banheiro caso passasse mal. Diante da proibição, seu advogado de defesa teria dito ao juiz Al Alredi para “deixá-la vomitar no canto dos fundos da sala”.
Marsha, de 44 anos, agora divide uma cela apertada com outras sete mulheres na famosa prisão Sulaibiya, no Kuwait, que tem capacidade oficial para abrigar 2.500 prisioneiros, mas atualmente aloja 6.000.
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A KGLI administra o The Port Fund, uma empresa de participações privadas com foco em desenvolvimento e investimento em infraestrutura, logística, transporte, petróleo, gás, energia e indústria no Oriente Médio, Ásia e mercados emergentes. O Port Fund investe em negócios de porte médio e alto potencial de gerenciamento e logística portuária, e inclui uma joint venture construída no centro logístico Global Gateway Logistics City em uma antiga base militar dos EUA nas Filipinas.
Abandono
Neil Micklethwaite, sócio do escritório de advocacia Brown Rudnick, disse que planos foram apresentados para um recurso contra a condenação. “Este é um dos mais extraordinários abandonos da justiça com os quais me deparei em 30 anos”, afirmou. O recurso de Marsha deve ser ouvido no próximo mês.