Diversas empresas de investimentos socialmente conscientes estão vendendo ou repensando suas participações no Facebook, insatisfeitas com as medidas adotadas pela empresa para fortalecer a proteção de dados pessoais e a segurança online, após escândalos envolvendo o compartilhamento indevido de informação de usuários.
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O recuo em relação a maior rede de mídia social é uma das respostas mais duras de investidores a preocupações sobre a forma como o Facebook lida com o uso de dados.
A Cambridge Analytica, a consultoria política agora em processo de falência contratada pela campanha à presidência de Donald Trump em 2016, foi acusada de coletar dados de 87 milhões de usuários do Facebook e está sob investigação nos Estados Unidos e na Europa.
As ações da rede social caíram no primeiro trimestre, quando o escândalo surgiu, e se recuperaram depois que o fundador e presidente-executivo, Mark Zuckerberg, testemunhou diante de legisladores norte-americanos em abril. Embora ele tenha evitado perguntas e se esquivado de apoiar uma nova regulamentação, dúvidas foram levantadas sobre seu compromisso em resolver completamente o assunto.
“Os problemas do Facebook são baseados na falta de atenção à privacidade do consumidor e à segurança de dados, agravada pela governança inadequada”, escreveu Adam Kanzer, vice-presidente do Domini Funds, em uma carta de 8 de maio para o Facebook na qual explicava seu plano de vender as 111 mil ações da plataforma de posse do Domini Impact Equity Fund.
Em abril, o Calvert Research and Management, unidade do Eaton Vance, também vendeu ações do Facebook devido a preocupações sobre controles frouxos que significavam que a “empresa claramente violou os direitos fundamentais de privacidade dos usuários”, contrário aos princípios de investimento da empresa, de acordo com Emma Doner, uma das analistas de Governança de Meio Ambiente e Social (ESG, na sigla em inglês).
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Os desinvestimentos das duas empresas bastante conhecidas somou-se a preocupações anteriores de outros gestores da ESG, que consideram a responsabilidade social quando compram ações.
Outros podem seguir na mesma direção. Joe Keefe, presidente do Pax World Funds, disse que o lugar do Facebook em veículos de investimento como o Pax ESG Beta Dividend Fund será revisado com um olho nas recentes controvérsias que “podem muito bem afetar as notas da empresa e sua elegibilidade para a inclusão continuada nessas carteiras”.
Uma porta-voz do Facebook se recusou a comentar o assunto.
Fundos ESG representam apenas uma pequena fração das ações do Facebook, mas seus passos podem influenciar grandes investidores, incluindo BlackRock e Vanguard Group, que têm prestado mais atenção às questões sociais nos últimos anos. Representantes de ambos se recusaram a comentar o assunto.