Mulheres em situações de crise, jovens e adultas, muitas vezes, não têm acesso a itens essenciais, como roupas íntimas e produtos sanitários. Sem essas necessidades básicas, não podem frequentar a escola e lutam para conseguir trabalhar, o que limita sua independência financeira.
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A organização sem fins lucrativos The Unmentionables tenta mudar esse quadro ao oferecer roupas íntimas, produtos de higiene feminina, itens de saúde sexual e educação relacionada a planejamento familiar. Até o momento, a ONG forneceu mais de 147.581 produtos. Agora, foi anunciada a ex-modelo e empreendedora Kimora Lee Simmons como embaixadora global da organização.
No ano passado, Kimora apoiou as iniciativas da The Unmentionables em Houston, depois do furacão Harvey. Ela também financiou a distribuição de produtos menstruais reutilizáveis.
“A maioria dessas meninas não tem educação em planejamento familiar durante a maior parte de suas vidas. Esses países estão destruídos pela guerra ou não entendem a importância de educar jovens mulheres sobre esses tópicos. Esses produtos e programas têm a capacidade de capacitar e proteger as refugiadas de doenças e infecções”, conta.
Nesta entrevista, Kimora conta como podemos apoiar as mulheres em países devastados pela guerra e em outras partes do mundo, ao dar acesso a algo muito necessário.
FORBES: Você pode contar um exemplo de como a ONG The Unmentionables tem impactado a vida de mulheres em crise?
Kimora Lee Simmons: Eu vi essa necessidade aqui mesmo, em casa, quando trouxe minha família para Houston na época do furacão Harvey, em agosto de 2017. Depois de um desastre natural como aquele, as pessoas tendem a doar mais itens como comida, água limpa, roupas, brinquedos e fraldas, mas muitos não consideram itens como roupas íntimas e absorventes. Em Houston, encontramos-nos com mulheres que perderam tudo na inundação. O acesso a produtos pessoais causou um impacto indescritível e as ajudou a recuperar a dignidade.
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F: Como este trabalho ajuda as refugiadas?
KLS: Em muitos desses lugares, a saúde sexual e reprodutiva não pode ser discutida abertamente. As conversas a respeito desses tópicos foram censuradas ou as informações foram fornecidas de maneira imprecisa. Por exemplo, uma de nossas educadoras comunitárias, que agora ensina outras mulheres no nosso centro em Atenas, desejou ter acesso a essas informações quando era jovem. Ela era casada e teve seu primeiro filho antes dos 15 anos. Ao se tornar uma educadora comunitária por meio de nossos programas, realizou seu sonho de se tornar professora, um trabalho que não é acessível a ela em seu próprio país, por ser uma mulher. Agora, ela também é capaz de ensinar assuntos que capacitam muito mais mulheres e meninas a tomar decisões seguras e bem informadas sobre seu futuro.
F: Por que existe uma falta de conscientização sobre esse tópico e sobre os desafios diários que os refugiados enfrentam?
KLS: Os norte-americanos tendem a ser muito protegidos de epidemias mundiais, porque o nível de sofrimento é muito pessoal para ser compreendido ou porque nos permitimos ser consumidos por nossas próprias políticas e preconceitos. Mas a situação dos refugiados, que neste caso ocorre em grande parte do Oriente Médio e da África Subsaariana, deve ser reconhecida como uma imensa preocupação humanitária. Isso atravessa linhas partidárias e pede compaixão no cenário global.
F: Qual o seu conselho para pessoas que desejam se envolver com a causa?
KLS: As pessoas precisam se educar, por meio de notícias e, às vezes, até buscar fontes de fora da mídia norte-americana, que não podem dar a essa epidemia a cobertura que ela merece. Além disso, a ONG The Unmentionables oferece uma ampla gama de oportunidades de voluntariado, como tradutores, por exemplo. Os refugiados que essa organização ajuda precisam de apoio e atenção global urgentemente. Quero que as famílias de refugiados saibam que não as esquecemos e que estamos lá para mantê-las em segurança.