No início dos anos 1980 era um sonho; hoje é um dos principais torneios do circuito mundial de tênis. Sem a audácia do ex-tenista Butch Buchholz, dificilmente o Miami Open seria um dos torneios mais glamorosos do ano, considerado por muitos o “quinto Grand Slam”. Buchholz viabilizou a primeira edição do torneio em 1985, com o apoio da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) e de um grupo de patrocinadores, mas com a oposição dos principais jogadores da época.
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Os jogos do Miami Open acontecem por duas semanas, como em um Grand Slam – os torneios de Masters 1000, os mais importantes da temporada depois dos Grand Slams, ocorrem durante uma semana. Somente o ATP de Indian Wells, realizado na Califórnia, também tem essa característica – e, por ambos acontecerem em março, são popularmente chamados de Sunshine Double.
Hoje o Miami Open é o ATP World Tour Master 1000 com maior premiação. “São quase US$ 16 milhões distribuídos equitativamente entre homens e mulheres”, afirma Sam Henderson, diretor de comunicação da IMG, organizadora da competição. Os vencedores de simples recebem, cada um, US$ 1,3 milhão, enquanto o prêmio das duplas campeãs é de US$ 439,3 mil.
Além disso, é um sucesso de público, que chega a mais de 300 mil pessoas durante os 12 dias de competição no complexo de Crandon Park, em Key Biscayne, onde os jogos são realizados desde 1987. “Um estudo de 2012 mostrou que o torneio impacta US$ 386 milhões em Miami-Dade”, explica Henderson.
Pelas quadras de piso rápido de Crandon Park já passaram grandes ícones do esporte, como o suíço Roger Federer (atual campeão), o sérvio Novak Djokovic e o norte-americano Andre Agassi (maiores vencedores, com seis conquistas cada um), a norte-americana Serena Williams (maior campeã, com oito títulos), a alemã Steffi Graf e a suíça Martina Hingis.
Em 2000, o brasileiro Gustavo Kuerten foi vice-campeão em um jogo épico e polêmico contra o americano Pete Sampras, que teve uma bola duvidosa marcada a seu favor (ainda não havia sido introduzido o “hawk-eye”, sistema tecnológico que auxilia a arbitragem em lances polêmicos). Guga encerrou a carreira em 2008 e, em 2015, tornou-se embaixador do evento – quando o banco brasileiro Itaú passou a ser o patrocinador master do Miami Open.
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“Isso colabora para o aumento do conhecimento de nossa marca na cidade”, afirma Fernando Chacon, diretor-executivo do banco, ressaltando ainda o impacto global proporcionado pela grande audiência televisiva do torneio.
CLIMA BRASILEIRO
“O ambiente em Miami é único, a interação com os fãs é excelente”, afirma o tenista mineiro Marcelo Melo, atual campeão de duplas do torneio e número 1 da ATP junto com o polonês Lukasz Kubot. “Este é um torneio que nós gostamos muito de jogar”, diz Melo, enquanto treina para tentar repetir a façanha do ano passado. “Dá para sentir a energia de casa”, diz a paulistana Bia Haddad, falando da atmosfera criada pelos torcedores brasileiros e do clima quente na Flórida durante o torneio – motivo de reclamação de alguns jogadores. Bia chega ao Miami Open com destaque por causa de sua vitória na primeira rodada do Australian Open em janeiro, feito inédito desde a lendária Maria Esther Bueno, em 1965.
O torneio recebeu ofertas para mudar de cidade. As reações foram imediatas. “Ele faz parte da cultura de Miami”, afirmou a tenista Serena Williams. “O Miami Open pertence a Miami”, disse Mark Shapiro, copresidente da IMG. Uma mudança é certa: a partir de 2019, a competição será realizada no complexo do Hard Rock Stadium, onde fica a arena do time de futebol americano Miami Dolphins, palco de cinco decisões do Super Bowl da National Football League (NFL).
Reportagem publicada na edição 57, lançada em março de 2018