O mundo corporativo é semelhante ao de uma cadeia alimentar: as empresas que buscam expandir e ganhar território optam por adquirir companhias mais fracas. Por sua vez, a corporação se expande e gera um rápido crescimento, que a torna mais poderosa. Esse processo, geralmente, leva à criação de conglomerados, a exemplo das maiores economias do mundo.
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Este modelo criou companhias vorazes na Ásia, enquanto que, no Ocidente, houve uma ascensão e uma queda das empresas.
Mas quais as razões para essa grande diferença?
Ascensão e queda dos conglomerados no Ocidente
O surgimento dos conglomerados do Ocidente começou nos anos 60. As leis antitruste, que condenam práticas anticompetitivas, eram abundantes nos EUA na época em que os monopólios eram generalizados. Empresas ambiciosas dispostas a expandir não conseguiram crescer em seu próprio setor, o que levou à ascensão do modelo de conglomerado.
As empresas começaram a adquirir outras em setores desconhecidos, para se diversificarem sem correr o risco de processos judiciais. Dessa forma, Litton, Chapman & Scott, Merritt e Aeronca, todos grupos recém-estabelecidos e nascidos nos EUA, viram suas ações dispararem.
Os conglomerados norte-americanos estavam em plena ascensão. Mas tudo que sobe desce. As ações começaram a cair. Só as da Litton foram desvalorizadas em 93%. Assim, a ideia de criar grandes empresas para operarem em setores não relacionados e burlar as leis antitruste veio à tona.
A década de 1980 foi o começo dos cortes na quantidade de empreendimentos administrados pelos conglomerados do Ocidente.
Mas os tempos mudaram. Hoje, a maioria dos grupos se concentra em negócios centrais.
Na Ásia, no entanto, grandes companhias com diversificação de mercado são muito difundidas e contribuem significativamente para o PIB nacional.
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Então, como estes grupos conseguiram se estabeleceram na Ásia?
O terreno fértil para os conglomerados na Ásia
Quando fazem negócios, os conglomerados na Ásia geralmente operam como membros de uma espécie de máfia. Políticos aparecem regularmente na folha de pagamento, os bancos enchem seus bolsos, os mercados de ações são favoráveis e existe lealdade pública.
O motivo destas companhias serem tão favorecidas é o fato de conglomerados regionais serem a chave para liderar a reforma de manufatura na Ásia. Elas eram as peças que faltavam para desbloquear os principais centros de negócios do mundo e, assim, tirar seus países de economias baseadas em baixa qualificação agrícola. Japão, Coreia, Taiwan e China lideraram o caminho no movimento. Agora os mercados emergentes no Sudeste da Ásia tentam seguir a mesmo modelo.
Há duas razões principais para o sucesso dos conglomerados asiáticos
Em primeiro lugar, o renomado filósofo chinês Confúcio embasa a estrutura hierárquica predominante na cultura asiática, onde a autoridade centralizada governa. Por exemplo, em casa, o pai exige respeito; nos negócios, o chefe exige respeito. Este pensamento é frequentemente descrito como um modelo de negócio familiar e é a base de muitos conglomerados asiáticos modernos.
Em segundo lugar, normalmente os grupos de origem asiática recebem muito mais apoio do governo em comparação com seus equivalentes no Ocidente. Outro fator é que os conglomerados ocidentais são muitas vezes privatizados e sofrem com altos níveis de competição, o que inibe o crescimento destas companhias diversificadas.
Das ruínas à robótica: como os conglomerados cresceram na Nordeste da Ásia
A prosperidade de conglomerados em toda a Ásia é evidente, no entanto, as operações anteriores e atuais diferem muito do Nordeste para o Sudeste da Ásia.
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Tanto a Coreia quanto o Japão tiveram seus territórios devastados pela Segunda Guerra Mundial e pela Guerra da Coreia, o que devastou os países e suas economias. A força dos governos, junto à ascensão dos conglomerados, contribuiu enormemente para o resgate das nações. A Hyundai, a Samsung e a LG são ótimos exemplos de grupos coreanos que impulsionam a economia.
Uma história semelhante aconteceu com as notórias empresas do Japão, incluindo Sanwa, Mitsubishi, Fuyo, Sumitomo, Mitsui e Mizhuho Financial Group, que ajudaram a rejuvenescer e transformar a economia inovadora do país.
A recompensa veio na forma de apoio governamental substancial tanto do ponto de vista financeiro quanto legislativo. Essas relações dos conglomerados com os governos e a política ficaram mais fortes ao longo do tempo, e as empresas bem conectadas com as elites políticas e bancárias superaram de longe as que não tinham esta relação.
O mesmo se aplica à Coréia.
Os contrapontos do Sudeste asiático são considerados de uma espécie de máfia
Na esteira dos passos de seus irmãos do Nordeste, estavam os conglomerados do Sudeste da Ásia que, surpreendentemente, superaram seus irmãos mais velhos ao Norte.
O predomínio de grandes grupos no Sudeste é ainda mais expressivo que no Nordeste. Análises mostraram que o retorno total ao acionista (TSR) foi 10% maior do que o observado no Nordeste e 18% mais altos do que os de outras economias desenvolvidas.
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No entanto, muitas vezes, estágios mais altos de desenvolvimento se correlacionam negativamente com o desempenho dos conglomerados. Isso acontece quando as taxas de crescimento do PIB são altas e os mercados pioneiros e emergentes têm mais espaço para crescer.
Isso acontece porque os grupos podem rapidamente se apossar de todo um setor, especialmente nos mercados em ascensão. Impulsionado pelo generoso apoio do governo, tanto o desempenho quanto os lucros vêm naturalmente. Assim, quando um pé está firme na ponta, ele rapidamente se diversifica em novos setores e expande os negócios.