O administrador responsável pela Smeralda Holding, Mario Ferraro, é um homem agradável. Calmo e gentil, ele é daqueles que são capazes de dizer qualquer coisa sem jamais chamar a atenção, nem mesmo se quisesse. É ele quem comanda, há quatro anos, com pulso firme e visão precisa, a parte italiana do Qatar Holding, braço operacional do QIA, um dos fundos soberanos mais importantes do mundo, com patrimônio de US$ 250 bilhões.
VEJA TAMBÉM: As 8 melhores praias do mundo para fugir do inverno
Ferraro não é apenas o administrador da nova propriedade, mas é também o homem que tem guiado a Costa Smeralda em direção à transformação, embora mantenha inalteradas algumas características fundamentais. Recentemente, iniciou um plano de investimento quinquenal para conduzir os luxuosíssimos 360 quartos das diversas propriedades fundadas na década de 1960 pelo príncipe Karim Aga Khan a um novo caráter sazonal e a um novo público jovem, no momento, mais atraído por lugares como Míconos ou Ibiza.
Para conseguir isso, não faltam recursos. O plano quinquenal prevê € 30 milhões em investimentos para o biênio 2018/2019 e outros € 120 milhões até 2023: dinheiro gasto com toda tranquilidade, já que, pela primeira vez, o holding alcançou em 2017 € 100 milhões de receita, com previsões otimistas também para este ano, visto que “as receitas subiram mais de € 8 milhões, e o lucro líquido, mais de € 1 milhão.”
“O crescimento se deve essencialmente a dois motivos: atenção à estratégia tarifária, tornada mais flexível, de modo a atrair presença e receita na baixa estação, e à conjuntura turística, particularmente positiva para o luxo e as ilhas”, conta Ferraro. “Agora, trata-se de aproveitar ainda mais o momento favorável para construir os próximos 50 anos da Costa Esmeralda. Quando a fundou, Aga Khan pensou em construir um paraíso para a elite da elite, mas hoje não se pode mais falar de um turismo para poucos. Os tempos mudaram, os fluxos e os interesses são diferentes e, nos últimos 10 anos, a Costa Esmeralda perdeu um pouco de sua capacidade atrativa. A nossa tarefa é, então, relançar e melhorar a oferta, segundo os gostos atuais.”
O Holding Costa Smeralda tem como seu negócio principal os hotéis Cala di Volpe, Cervo, Romazzino e Pitrizza (que, sozinhos, arrecadam € 82,3 milhões em receitas), seguidos da Marina di Porto Cervo e das atividades de estaleiro, do clube de golfe Peveto e de diversas lojas e restaurantes. “Trabalhamos para restaurar nossos complexos e apostamos em novos segmentos de mercado: o de spa e bem-estar, um turismo típico da baixa temporada, e o de reuniões e negócios, sempre com sementes para atrair um público mais jovem.”
Foram contratados três arquitetos de ponta: Matteo Thun, Bruno Moinard e Piero Lissoni, que até 2023 terão redesenhado os hotéis, que receberão novas marcas em colaboração com cadeias da hotelaria internacional. Além disso, já foram realizados importantes investimentos para a estação que acabou de ser aberta, como os quatro primeiros novos quartos do Cala di Volpe, o beach club na praia L’Itricedi, o novíssimo Spa del Romazzino e as salas de reunião no Cervo.
“Ser interessante aos jovens significa oferecer a eles aquilo que Ibiza oferece, por exemplo, porém, sem se saturar e se tornar como lá”, continua Ferraro. “Nesse sentido, apostamos na inauguração do beach club em colaboração com o Nikki Beach e na modernização da oferta dos nossos restaurantes, entre os quais, a chegada do Novikov e outras iniciativas com o Quatropassi, o duas estrelas Michelin que elaborou o menu do restaurante Pescatore.”
É igualmente interessante o impulso no setor de eventos, graças a festivais literários e enogastronômicos, talk shows e shows musicais, desenvolvidos pelo Consorzio Costa Smeralda para chegar, enfim, à inauguração do Waterfront Costa Smeralda, um complexo de luxo desenhado por Gio Pagani e executado pela Filmmaster Events, em nome da holding. O Waterfront se localiza ao longo do cais do Porto V e reúne 10 lojas temporárias, 5 praças expositivas, o lounge bar do Nikki Beach e um palco para os eventos. Entre as marcas presentes, estão a Tag Heuer con Zenith, a Technogym, a Maserati, a Bugatti e a Dolce & Gabbana, entre muitas outras.
Mario Ferraro chegou à Costa Smeralda sem abrir mão da “paixão juvenil” e do DNA marinho do pai, que nasceu em Capri e migrou para a Alemanha. “Voltei à Itália aos seis anos e, aos 18, fui estudar alta hotelaria na Alemanha”, conta. “Sinto-me profundamente italiano, mas dos alemães eu herdei o senso de rigor e de precisão.” Talvez por isso ele consiga falar de milhões e de beach clubs ao mesmo tempo, de millennials, rappers e de tradições sem que um conceito prevaleça sobre o outro. “Há uma palavra em alemão que resume em si a ideia de rigor, organização, precisão e estrutura. Essa palavra é ‘ordnung’, e ela foi o meu guia em um quebra-cabeças turístico, composto sobretudo de norte-americanos, italianos, alemães, ingleses e franceses; além de árabes e russos, menos numerosos, mas com capacidade de gastos mais alta.
Em 2011, Ferraro foi premiado como melhor gestor hoteleiro da Europa e em seu currículo há, entre outros, o cargo de gerente geral do Hilton Molino Stucky Venice, do Conrad de Dubai e do JW Marriott Venice Resort, antes de chegar à Costa Smeralda, em 2015, como diretor-geral do Sardegna Resort, sociedade que controla os hotéis cinco estrelas da Costa. No verão, é possível encontrá-lo ali, atento e reservado. Mas, logo depois, ele vai passar o inverno em sua casa em Marbella, na Espanha. “É o único lugar que conserva no inverno a mesma vitalidade e oferta do verão”, diz.