A Faros Investimentos, maior agente autônomo de investimentos vinculado à XP Investimentos, busca ter R$ 10 bilhões em ativos distribuídos até o final de 2020, afirmou à Reuters o sócio-fundador Felipe Bichara, montante que representa mais do que o dobro do valor atual, de R$ 4,5 bilhões.
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A meta está alinhada ao histórico da casa, que tem foco em investidores de alta renda e já viu esse montante mais do que dobrar entre 2015 e 2017, para quase R$ 3,8 bilhões. Em 2011, quando Bichara fundou a Faros com o sócio Samy Botsman, esse total era de R$ 170 milhões.
O executivo atribuiu a alta recente do patrimônio de clientes, particularmente em 2017, à queda dos juros no país, que endossou a alocação em alternativas de investimentos mais agressivas, como os fundos multimercados e ações. Esses ativos também tiveram boa performance, ajudando a elevar o patrimônio, citou.
A taxa básica de juros encerrou 2017 em 7% ao ano, mínima histórica naquela ocasião, e uma queda de 6,75% em relação ao final de 2016. Atualmente, a Selic está em 6,5%, também menor patamar da história. “Os próprios clientes aportaram mais recursos”, afirmou.
Apesar de notar um viés mais cauteloso quanto ao risco entre seus clientes neste momento, em razão principalmente das eleições, a mudança no perfil dos investidores combinada a novas alternativas de investimentos tendem a atrair aqueles que hoje aplicam apenas com bancos, avalia.
“O movimento de migração para uma plataforma independente será feito, assim como já ocorreu nos Estados Unidos. A questão do [cenário de] mercado em si é para definir qual a classe de ativos que eventualmente estará nessas alocações”, afirmou.
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De olho nesse crescimento, a Faros está ampliando seus escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, praças onde estão distribuídos seus cerca de 2.800 clientes ativos. Na capital paulista, a previsão é de dobrar o tamanho físico até outubro, passando a ocupar um andar inteiro no prédio em que já funciona a companhia no bairro do Itaim.
Um aumento da equipe também está nos planos, “mas de forma bastantes criteriosa”, ressaltou Bichara, sem detalhar qualquer meta de novas contratações para ampliar o quadro de cerca de 40 profissionais atualmente divididos entre São Paulo e Rio de Janeiro. Ele destacou, contudo, um fortalecimento no sistema de sociedade da empresa.
O crescimento da companhia vai ocorrer com manutenção de foco nos investidores de alta renda, que faz parte da estratégia da casa desde a sua fundação. Atualmente, o valor médio dos investimentos de cada cliente está próximo de R$ 3 milhões, com as novas contas exigindo aporte acima de R$ 300 mil.
Questionado sobre a possibilidade de abrir corretora própria dado o montante em ativos distribuídos, o executivo descartou tal possibilidade e enfatizou que o foco está justamente no fortalecimento da parceria da Faros como agente autônomo da XP. “É uma corretora que nos dá a maior estrutura, maior suporte em termos de produtos e sistema e pretendemos continuar assim”, afirmou.
Na semana passada, a fintech Toro Investimentos colocou sua corretora de valores em operação, com planos de cadastrar 500 mil contas em 12 meses, na primeira corretora a abrir as portas no país em vários anos.
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A compra de fatia da XP Investimentos pelo Itaú Unibanco, anunciada em maio de 2017 e que aguarda aprovação do Banco Central, e que agitou o setor recentemente, foi elogiada por Bichara, tanto para o setor como para a XP e seus associados. “Foi uma chancela para as corretoras… E tudo indica que a XP irá manter sua independência”, afirmou.
No ano passado, o maior banco privado do país adquiriu uma fatia minoritária de 49,9% na XP Investimentos por R$ 6,3 bilhões, com o acordo prevendo aumento na participação em anos seguintes. O negócio foi aprovado em março pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mediante condições que incluíram compromisso do Itaú em não discriminar plataformas concorrentes.
A XP hoje conta com 3.200 agentes autônomos pessoas físicas em todo o Brasil e tem R$ 120 bilhões sob custódia de 550 mil clientes, sendo a maior parte oriunda desses assessores de investimentos. No total do país, de acordo com dados da associação de corretoras Ancord, existem 4.170 agentes autônomos de investimento vinculados.
Cautela
A clientela abastada da Faros também acompanhou o viés no mercado e colocou o pé no freio no ritmo das alocações de risco em razão do cenário político-eleitoral incerto, observou Bichara, particularmente em renda variável.
“Nós reparamos que eles estão mais conservadores conforme a eleição se aproxima, tendo todo esse imbróglio político… Eles estão preservando a liquidez”, afirmou, citando ainda a trajetória de alta dos juros norte-americanos como outros fatores para os aportes menores.
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Na bolsa, o mês de julho é marcado pela recuperação do Ibovespa, mas com volumes abaixo da média do ano, após encerrar o primeiro semestre com queda de 4,76%. Da máxima de fechamento do ano, de 87.652 pontos, em 26 de fevereiro, até o final de junho, o principal índice de ações da bolsa brasileira acumulou uma queda de quase 17%.
Estrategistas de ações continuaram cautelosos sobre o comportamento da bolsa brasileira em julho, conforme carteiras recomendadas compiladas pela Reuters, ainda enxergando volatilidade no curto prazo, dadas as incertezas nos cenários econômico, fiscal, político e eleitoral, mas não descartavam algum alívio, citando melhora na relação risco versus retorno.
Na Faros, atualmente, um terço do patrimônio dos clientes está aplicado em ativos de renda fixa, pouco mais de um terço está alocado em fundos multimercados e pouco menos de um terço em ações (fundos e ações), com uma parcela muito pequena em veículos com foco em investimento no exterior.