O CEO da Netflix, Reed Hastings, viu seu patrimônio cair 4,6% – ou cerca de US$ 190 milhões – ontem (17). A queda ocorreu depois que as ações do serviço de streaming despencaram com a notícia de que a meta de assinantes estava 1 milhão abaixo do esperado no segundo trimestre.
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Os números fizeram com que as ações caíssem cerca de 13% no pregão de segunda-feira (16). Na tarde de ontem, os papéis estavam sendo negociadas a US$ 379, uma queda de 5% em relação ao fechamento dos mercados no dia anterior. As ações vinham subindo constantemente desde o início de 2017, ganhando mais de 100% nos últimos 12 meses.
O patrimônio líquido de Hastings agora é de US$ 3,9 bilhões, segundo o ranking em tempo real da FORBES. De acordo com a mais recente declaração de proxy da Netflix, ele ganhou US$ 24.377.499 em 2017 e possui mais de 10 milhões de ações da empresa – ou cerca de 2,48% dela.
Em uma carta aos acionistas, Hastings, de 57 anos, cofundador do serviço de streaming que começou com uma locadora de DVDs em 1997 ao lado de Marc Randolph, disse que o segundo trimestre foi “forte, mas não estelar”.
Alguns investidores dizem que a queda é uma oportunidade de compra. O colaborador da FORBES, Peter Cohan, explica que a empresa voltou de falhas trimestrais antes de acrescentar que “enquanto Hastings for CEO da Netflix, suas perdas serão um presente para os investidores”.
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Embora a Netflix tenha adicionado 5,15 milhões de assinantes nos três meses encerrados em 30 de junho, isso não foi suficiente para agradar aos investidores que sabem que a estratégia da empresa de gastar muito em conteúdo para ser recompensada só funciona se a base de assinantes continuar crescendo.
Nos últimos 12 meses, a companhia gastou mais de US$ 10 bilhões em conteúdo de streaming. Acrescente a isso US$ 4,5 bilhões em pagamentos de conteúdo com prazo de 12 meses a partir de 30 de junho e outros US$ 3,6 bilhões com vencimento em mais de um ano. Dessa forma, fica claro por que os acionistas estão ansiosos por novos assinantes.
A beleza da aposta da Netflix em criar seu próprio conteúdo é que o custo de produzir um programa é o mesmo, independentemente de 10, 100 ou 500 milhões de pessoas o assistirem. Quando a empresa atinge certo número de assinantes pagos, o negócio se sustenta bem. No entanto, por enquanto, isso não acontece, motivo pelo qual o crescimento decepcionante dos assinantes é um sinal de alerta para os investidores.
Veja, a seguir, os valores gastos pela Netflix em conteúdo desde 2014:
1º trimestre de 2014: US$ 710 milhões
2º trimestre de 2014: US$ 740 milhões
3º trimestre de 2014: US$ 840 milhões
4º trimestre de 2014: US$ 890 milhões
1º trimestre de 2015: US$ 1,01 bilhão
2º trimestre de 2015: US$ 1,09 bilhão
3º trimestre de 2015: US$ 1,2 bilhão
4º trimestre de 2015: US$ 1,31 bilhão
1º trimestre de 2016: US$ 1,41 bilhão
2º trimestre de 2016: US$ 1,55 bilhão
3º trimestre de 2016: US$ 1,91 bilhão
4º trimestre de 2016: US$ 2 bilhões
1º trimestre de 2017: US$ 1,98 bilhão
2º trimestre de 2017: US$ 2,15 bilhões
3º trimestre de 2017: US$ 2,35 bilhões
4º trimestre de 2017: US$ 2,42 bilhões
1º trimestre de 2018: US$ 2,61 bilhões
2º trimestre de 2018: US$ 2,75 bilhões