A escassez no mercado global de minério de ferro de alta qualidade, como o produzido pela Vale, garante à mineradora um ambiente de estabilidade para um desempenho adequado em qualquer condição nos próximos trimestres, disse hoje (26) o diretor-presidente da companhia.
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Na visão de Fabio Schvartsman, os preços do minério de ferro seguem firmes, em linha com as expectativas da Vale, mesmo diante de notícias de guerra comercial, fazendo referência às disputas globais travadas entre as gigantes economias norte-americana e chinesa.
“Com relação aos impactos da guerra comercial, é importante enfatizar que a gente crê que não existe qualquer impacto relevante sobre a Vale derivado disso no horizonte previsível”, afirmou Schvartsman, em teleconferência com analistas de mercado. “Existe uma sobreoferta de outros minérios e existe uma escassez dos minérios produzido pela Vale, que garantem para a companhia um desempenho adequado em qualquer condição. Então precisaria de fato um cataclisma para que isso mudasse.”
O executivo ponderou que “declarações de obstáculos ao comércio internacional” têm trazido oscilações importantes para muitos minérios, mas não para o minério de ferro, que é o carro chefe da Vale, devido à demanda pela commodity com maior teor de ferro e menos impurezas, principalmente na China, maior importador global.
Para ele, essa situação reafirma a confiança de que, “em cenários normais, temos uma probabilidade muito grande de que os preços fiquem razoavelmente ancorados onde estão”.
No segundo trimestre, o prêmio de qualidade no preço de finos de minério de ferro realizado da Vale atingiu um recorde de US$ 7,1 por tonelada no período, compensando uma queda de US$ 9 por tonelada no valor do minério de ferro no período.
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A empresa seguirá aumentando levemente os estoques de minério de ferro no exterior ao longo do segundo semestre e aponta para uma certa estabilidade em 2019, explicaram executivos.
A Vale relatou na noite de ontem (25) lucro líquido de R$ 306 milhões no segundo trimestre, mas o resultado poderia ter superado R$ 7 bilhões, não fosse o efeito contábil das flutuações cambiais, em um período que a empresa qualificou como “extraordinário” para seus negócios.
As ações da empresa operavam em alta de mais de 2% às 12h54, enquanto o Ibovespa tinha uma estabilidade.
Prêmios
Schvartsman pontuou que a expectativa é que o prêmio permaneça crescente, devido ao aumento da produção da mina S11D, em Canaã dos Carajás, no Pará, de alta qualidade.
A respeito do S11D, o diretor-executivo de Minerais Ferrosos e Carvão, Peter Poppinga, ressaltou que é preciso “desmistificar um medo que o pessoal tem no mercado de que haverá uma sobreoferta de Carajás”.
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Poppinga explicou que a empresa está completamente sobrevendida em Carajás, inclusive de volumes ainda não produzidos, e que a produção está também sendo destinada a segmentos que não são tradicionais no mercado transoceânico, como o Leste Europeu.
Além disso, destacou que o minério do S11D também está sendo utilizado na fabricação de pelotas e para envio à Índia.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado entre abril e junho foi de R$ 14,187 bilhões, alta de 60,6% ante o mesmo período de 2017 e crescimento de 10% em relação ao primeiro trimestre.
Schvartsman ainda frisou que a meta da dívida seguirá sendo US$ 10 bilhões.
A Vale reduziu sua dívida líquida para US$ 11,519 bilhões em 30 de junho, queda de US$ 3,382 bilhões com relação a 31 de março.
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Samarco
Sobre a joint venture Samarco, o executivo disse que um plano de negócios sobre a mineradora está sendo finalizado, o que poderá dar maior clareza sobre o futuro da companhia, que está há quase três anos sem produzir após o rompimento de uma de suas barragens em 2015.
No entanto, ele ponderou que o retorno da empresa depende de licenciamentos ambientais, cujos prazos não são controlados por companhias.
A Samarco pertence à Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.