O fundador da Amazon.com, Jeff Bezos, está correndo para tirar sua empresa espacial do modo startup e avançar para a produção em meio a sinais de que o foguete de sua empresa, que deve decolar em 2020, pode atrasar o cronograma, de acordo com fontes familiarizadas com o projeto.
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A Blue Origin adicionou centenas de engenheiros ao longo dos últimos três anos e continua a avançar em uma expansão que um funcionário descreveu como “hiperbólica”. A empresa visa dobrar sua atual força de trabalho para cerca de 3 mil funcionários ao longo dos próximos dois a três anos, disse um importante cliente à Reuters.
A urgência tem como foco um foguete chamado New Glenn. O veículo de lançamento pesado, que Bezos promete ser capaz de transportar satélites e, eventualmente, pessoas para a órbita, é central para as expectativas da empresa de conquistar contratos militares e comerciais lucrativos.
O primeiro estágio do impulsionador do New Glenn será reutilizável, uma peça importante para a estratégia de Bezos de reduzir custos e aumentar a frequência de lançamentos. Executivos da Blue Origin declararam publicamente que testes de voo vão começar dentro de dois anos.
Conforme 2020 se aproxima, engenheiros da empresa ainda estão finalizando detalhes sobre o novo desenho da New Glenn e apenas começando a construir componentes do modelo que devem passar por testes extremos, disseram fontes familiarizadas com o projeto.
A Blue Origin reconheceu em conversas privadas com a empresa francesa de satélite Eutelsat – seu primeiro cliente do New Glenn – que seu prazo de 2020 é “muito agressivo”, disse uma fonte com conhecimento direto das conversas entre as empresas.
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As companhias firmaram seu contrato, que cobre o lançamento de um satélite geoestacionário no período de 2021 a 2022, de modo que a Blue Origin não teria penalidades se atrasar, disse a fonte.
Yohann Leroy, vice-presidente-executivo da Eutelsat, recusou-se a discutir detalhes do contrato de sua empresa com a Blue Origin, mas disse que estava otimista de que o New Glenn estará pronto para transportar o satélite de sua empresa até o fim de 2022. “Claro, eu não posso garantir que eles vão respeitar o prazo inicial, mas estamos confiantes de que eles não ficarão muito longe disso”, disse Leroy.
Uma porta-voz da Blue Origin não respondeu os pedidos de entrevista sobre as práticas de contratação da empresa, estratégia ou desafios competitivos. A empresa privada não tem falado sobre o estágio da produção e os planos.
Estabelecer um teste bem-sucedido em 2020 daria à Blue Origin sua melhor chance de se defender de foguetes concorrentes e de novos que devem entrar no mercado nos próximos anos, disseram analistas.
Os rivais incluem a United Launch Alliance, uma parceria entre Boeing e Lockheed Martin, e a francesa ArianeGroup, uma joint venture entre Airbus e Safran. Japão e China também estão projetando foguetes reutilizáveis.
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No entanto, 18 anos após sua criação, a Blue Origin encontrou um concorrente perto de casa: a SpaceX. Fundada pelo presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, a empresa agitou a indústria espacial com seus foguetes reutilizáveis de baixo custo Falcon 9.
A SpaceX concluiu mais de 50 lançamentos bem-sucedidos do Falcon e conseguiu bilhões de dólares em contratos, incluindo acordos com a NASA e com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
A boa notícia para a Blue Origin é que a demanda por serviços de lançamento de satélites deve disparar. Cerca de 800 pequenos satélites devem ser lançados anualmente a partir de 2020, mais do que o dobro da média anual ao longo da última década, de acordo com Marco Caceres, analista espacial sênior da Teal Group. “Se o New Glenn ficar pronto nos próximos dois anos, a Blue Origin pode conseguir aproveitar essa janela de oportunidade”, disse ele.
Assim como Musk, Bezos é entusiasta sobre a perspectiva de humanos viverem e trabalharem no espaço.
Agora, o homem mais rico do mundo, graças ao sucesso de sua varejista online, está liquidando US$ 1 bilhão de suas ações anualmente para financiar seus sonhos interplanetários.