O dólar tentou corrigir parte da alta acumulada nos seis pregões anteriores, mas, depois de ir à mínima de R$ 4,0403, voltou a ganhar tração até fechar acima de R$ 4,10, com os investidores reforçando posições defensivas diante do quadro externo de maior aversão ao risco e temores com o cenário eleitoral doméstico.
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O dólar avançou 1,65%, a R$ 4,1230 na venda, depois de ter tocado a máxima de R$ 4,1289 neste pregão. Foi o maior patamar de fechamento do dólar desde 21 de janeiro de 2016, quando foi a R$ 4,1655 – recorde do Plano Real.
Foi o sétimo pregão consecutivo de valorização, período no qual ficou 6,44% mais caro. O dólar futuro subia cerca de 2%.
“É o conjunto da obra. Problemas lá fora, China e Estados Unidos, eleição no Brasil, a decisão do TSE e ainda o fator especulação”, afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Há dias o mercado tem ficado cada vez mais defensivo diante da cena política, com a aproximação das eleições presidenciais de outubro e após pesquisas de intenção de votos mostrarem que o candidato que mais agrada os investidores, Geraldo Alckmin (PSDB), segue sem decolar. Também contribuía a possibilidade de o PT ir para o segundo turno da disputa, cenário até então não previsto pelos investidores.
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Neste sentido, o estresse ganhou força na tarde de hoje (23) depois que o ministro Roberto Barroso, relator do registro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinar a intimação da defesa do ex-presidente e dar sete dias de prazo para os advogados rebaterem os pedidos apresentados para barrar a candidatura com base na Lei da Ficha Limpa.
Assim, o registro da candidatura do líder petista, que foi alvo de 16 impugnações, só deve ser julgado no TSE após o início da campanha eleitoral no rádio e na televisão, afirmaram à Reuters fontes com conhecimento do caso.
O mercado esperava que o prazo fosse menor, de modo a evitar que Lula participasse do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão, que começa no dia 31.
Lula, que está preso desde abril por crime de corrupção e lavagem de dinheiro, é visto pelo mercado como um candidato menos comprometido com o ajuste fiscal do país, ao contrário de Alckmin e seu partido, o PT gera receio entre investidores após a gestão de Dilma Rousseff.
“O investidor corrige um pouco, mas não quer ficar vendido em dólar. Não há muito espaço para realização maior com as notícias atuais”, afirmou mais cedo o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos José Faria Júnior, quando o dólar ainda operava de lado frente ao real em uma tentativa de correção.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas impulsionado pela incerteza política, nova rodada de tarifas comerciais entre Estados Unidos e China e pela ata da última reunião do banco central dos Estados Unidos, que sinalizou aumento da taxa de juros em setembro.
O dólar também subia ante divisas de países emergentes, com destaque para o rand sul-africano, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, expressou no Twitter suas preocupações sobre a reforma agrária do país.
À tarde, a ameaça do vice-primeiro-ministro da Itália, Luigi Di Maio, de que seu partido votará pela suspensão do financiamento à União Europeia no próximo ano se seus parceiros não concordarem em receber imigrantes que estão sendo mantidos em um navio da guarda costeira em Sicília, também ajudou a prejudicar o euro e, assim, elevar a pressão do dólar ante a cesta de moedas.
Internamente, o Banco Central brasileiro seguiu sem atuações extraordinárias no mercado de câmbio e, segundo analistas ouvidos pela Reuters, pelo menos por enquanto não deve interferir porque o movimento do real não está muito diferente do comportamento de outras divisas emergentes. Além disso, não falta liquidez no mercado.
Nesta sessão, o BC apenas ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 4,08 bilhões do total de US$ 5,255 bilhões que vence em setembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.