O dólar mantinha a trajetória de alta dos últimos cinco pregões e caminhava em direção aos R$ 4,10 após as recentes pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial mostrarem cenário difícil para o candidato que mais agrada ao mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), e a possibilidade de um segundo turno com a participação do PT.
LEIA MAIS: Dólar sobe 2% e chega a R$ 4 com cenário eleitoral
Às 10h17, a moeda norte-americana avançava 0,86%, a R$ 4,0721 na venda, depois de ter fechado na véspera no patamar de R$ 4 pela primeira vez desde fevereiro de 2016, na quinta sessão consecutiva de alta.
O maior patamar de fechamento do dólar foi batido em 21 de janeiro de 2016, quando foi a R$ 4,1655. Na máxima deste pregão, a moeda norte-americana já tocou R$ 4,0899. O dólar futuro subia cerca de 0,50.
“As pesquisas, no geral, não mostram muitas divergências… Estamos em um contexto em que Alckmin não decola”, afirmou o analista-chefe da corretora Rico Investimentos, Roberto Indech.
Pesquisa Datafolha mostrou que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, lidera a corrida presidencial com 22% das intenções de voto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece na disputa, seguido por Marina Silva (Rede), com 16%. Neste cenário, Alckmin tem 9%.
Na semana, pesquisas da CNT/MDA e Ibope já haviam mostrado quadro semelhante, que acabou estressando os mercados e levando o dólar ao patamar de R$ 4.
VEJA TAMBÉM: Brasil cresce 3,29% em junho e reverte perda com greve
No cenário do Datafolha em que Lula aparece como candidato, o ex-presidente lidera com 39% de apoio e apontou ainda que 48% dos entrevistados não votariam em um candidato apoiado por Lula, mas que 31% disseram que votariam com certeza e 18%, talvez.
“A leitura mais plausível segue de iminente segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad”, trouxe a corretora H.Commcor em relatório, ao acrescentar que, se esse cenário se concretizar, “Bolsonaro será alvo da torcida do mercado financeiro, especialmente pelo economista Paulo Guedes [coordenador do programa econômico]”.
A disparada do dólar já alimentava avaliações sobre eventual atuação maior do Banco Central no mercado de câmbio, mas a avaliação ainda era cedo para esse movimento. “Acho que ele deve aguardar um pouco, por causa de notícias externas e internas. É uma foto do momento em cima de pesquisa eleitoral”, avaliou Indech, da Rico Investimentos.
Nesta sessão, a autoridade realiza leilão de até 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de setembro, no total de US$ 5,255 bilhões. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Mais uma vez o mercado cambial no Brasil estava na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana cedia ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
E TAMBÉM: Moody’s vê condições melhores para empresas brasileiras
Às 15h (horário de Brasília), será divulgada a ata da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, com os mercados globais de olho em novas pistas sobre o rumo dos juros na maior economia do mundo. Até agora, o Fed já elevou a taxa de juros duas vezes neste ano e os agentes econômicos acreditam que outras duas altas ainda ocorrerão neste ano diante da força econômica do país.