O dólar fechou hoje (22) em alta e foi ao patamar de R$ 4,05 depois que recentes pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial mostraram um cenário difícil para o candidato que mais agrada ao mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), e a possibilidade de segundo turno com a participação do PT.
LEIA MAIS: Conheça a família que é muito mais rica que Jeff Bezos
A moeda norte-americana, entretanto, encerrou longe da máxima do dia, em um movimento de correção alimentado também pelo banco central dos Estados Unidos, que reforçou a indicação de que continuará subindo os juros de forma gradual, ação que influencia o fluxo de capital global.
O dólar avançou 0,46%, a R$ 4,0559 na venda, maior nível desde 16 de fevereiro de 2016 (R$ 4,0705). Foi o sexto pregão de alta seguido, acumulando ganhos de 4,89%.
O maior patamar de fechamento do dólar foi batido em 21 de janeiro de 2016, quando foi a R$ 4,1655. Na máxima deste pregão, chegou a R$ 4,0917. O dólar futuro subia cerca de 0,10% no final da tarde.
“As pesquisas, no geral, não mostram muitas divergências… Estamos em um contexto em que Alckmin não decola”, afirmou o analista-chefe da corretora Rico Investimentos, Roberto Indech.
Pesquisa Datafolha mostrou que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, lidera a corrida presidencial com 22% das intenções de voto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece na disputa, seguido por Marina Silva (Rede), com 16%. Neste cenário, Alckmin tem 9%.
Na semana, pesquisas da CNT/MDA e Ibope já haviam mostrado quadro semelhante, que acabou estressando os mercados e levando o dólar ao patamar de R$ 4. Alckmin é visto pelo mercado como um político comprometido com reformas que considera importantes para o ajuste fiscal do país.
No cenário do Datafolha em que Lula aparece como candidato, o ex-presidente lidera com 39% de apoio e 48% dos entrevistados não votariam em um candidato apoiado por Lula, mas que 31% disseram que votariam com certeza e 18%, talvez.
VEJA TAMBÉM: Conheça os bilionários que fazem parte do Giving Pledge
“A leitura mais plausível segue de iminente segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad”, trouxe a corretora H.Commcor em relatório, ao acrescentar que, se esse cenário se concretizar, “Bolsonaro será alvo da torcida do mercado financeiro, especialmente pelo economista Paulo Guedes (coordenador do programa econômico do militar na reserva)”.
No Brasil, o dólar operou o dia todo na contramão do exterior, onde cedeu ante outras divisas de países emergentes. À tarde, a alta no mercado local começou a suavizar e ganhou mais reforço após a divulgação da ata do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e que reforçou a indicação que continuará subindo os juros de forma gradual.
Até agora, o Fed já elevou a taxa de juros duas vezes neste ano e os agentes econômicos acreditam que outras duas altas ocorrerão neste ano diante da força econômica do país.
“Depois da esticada, é natural o dólar se acomodar um pouco”, argumentou um operador de câmbio de uma corretora local.
O avanço recente do dólar ante o real já alimentava avaliações sobre eventual atuação maior do Banco Central no mercado de câmbio mas, por ora, a leitura era de que ainda é cedo para esse movimento.
“Acho que ele deve aguardar um pouco, por causa de notícias externas e internas. É uma foto do momento em cima de pesquisa eleitoral”, avaliou Indech, da Rico Investimentos.
Por enquanto, é isso que o BC está fazendo e, nesta sessão, apenas ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 3,84 bilhões do total de US$ 5,255 bilhões que vence em setembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.